09/03/2025
07/03/2024 marcou minha vida para sempre.
Ontem fez um ano da experiência mais dolorosa que já vivi. Para ser sincera, nem nos meus piores pesadelos imaginei passar por isso.
Lembro perfeitamente daquela tarde fria e ventosa. Precisei sair de casa para resolver algumas coisas e, ao entrar no banheiro daquele lugar, me deparei com você ali… em minhas mãos.
Eu já sabia que esse momento chegaria. Foram quase 30 dias de espera, contrariando tudo que a medicina dizia: “Na próxima semana, tudo terá terminado.” Mas não foi assim. Eu já não tinha mais forças para chorar, orar ou sequer tentar manter minha fé.
Naquele instante, a esperança de um milagre se desfez.
Fiquei ali, paralisada, sem saber o que fazer. As lágrimas corriam pelo meu rosto enquanto eu enfrentava uma decisão cruel: jogar você no lixo ou simplesmente dar descarga? Pensei em sair dali com você em minhas mãos, porque me parecia impossível abandonar algo que fazia parte de mim. E, na verdade, era exatamente isso que estava acontecendo.
Durante aqueles 23 dias, vivi momentos que partiram meu coração. Fiz de tudo para poupar as pessoas ao meu redor, me isolei, tentei parecer forte, mas, por dentro, estava completamente destruída. Era um deserto que eu não entendia. E o pior: não havia saída. Eu só podia viver aquilo.
Me magoei com muitas pessoas, minha fé esfriou e me afastei de Deus. Passei a duvidar se Ele realmente falava comigo.
Lembro do dia em que sua irmã, Helena, olhou para o vovô e disse:
“Vovô, já que o senhor vai pro céu antes de nós, quando chegar lá, pergunta pra Deus se o nosso neném tem leite? E cuida dele pra mim?”
Essas palavras despedaçaram meu coração.
Tentei explicar para elas que tudo estava bem, que era a vontade de Deus. Enquanto questionavam o porquê de tudo aquilo, eu repetia que Deus era bom… mesmo quando minha fé titubeava.
Minhas lágrimas caíam enquanto Clara e Helena se jogavam sobre mim, chorando em soluços. O bebê pelo qual tanto oraram não estava mais aqui. A dor não era só minha; era nossa.