03/06/2020
Nessa semana, a carta do desafio é assinada pela Natália Conte. Ela escreve uma carta para o seu eu do futuro. [Confira. Curta. Comente. Salve e, se puder, escreva a sua!] ✍👇🏼
03 de junho de 2020
Uma carta ao meu eu do futuro
{Por Natália Conte}
Olá, eu do futuro. Escrevo essa carta para que se lembre de você, eu do presente. Parece confuso que você tenha escrito dessa maneira, mas é porque hoje em dia está tudo muito estranho mesmo e é desse sentimento que você não pode se esquecer.
O seu eu do passado escreve em junho de 2020, período em que o mundo vive uma fase muito difícil. Um certo vírus apareceu e mudou a vida todos. As primeiras notícias vieram pela televisão, logo jornais impressos e portais digitais de notícia também falaram dele. As redes sociais passaram a só falar dele, parecia que não havia outro assunto no mundo. No início você não deu muita atenção, no fundo sempre achou que ele não chegaria aqui no seu país. Mas isso foi só no início... De repente confirmam o primeiro caso e em dois meses mais de trinta mil mortes registradas.
Tudo foi muito rápido, como furação. As notícias não chegavam mais pelas mídias e os dados passaram a ter nomes e a chegar perto de você. Os casos foram diversos, de contaminação a perda de entes queridos, mas ainda assim, ninguém do seu lado. Por isso, como uma criança em época de catequese, agradeceu todos os dias antes de dormir.
Você ficou meses em casa, saindo somente para atividades essenciais. Seu trabalho se tornou remoto, as dificuldades eram enormes e você até tentou ajudar, a todo custo, as pessoas que estava com problemas. Você foi importante para muita gente nesse momento, fez o que pode. Nunca se esqueça disso!
Mas não se iluda, eu do futuro. O eu do presente, de 2020, também passou por maus momentos. Não foi fácil encarar o egoísmo e a indiferença de muitos diante do índice de mortes. Também não foi fácil ver a vaidade de tantos que tentaram usar do altruísmo digital para expor alguma consciência social. Foram tantas divergências e decepções com posicionamentos de algumas pessoas que admirava e que se transformaram em tristeza e desesperança pelo futuro... E foi muito difícil não ter feito tanto quanto deveria pelos outros.
Mas nada doeu tanto quanto a saudade de sua família e amigos. O seu eu do presente espera que você, eu do futuro, nunca tenha esquecido desse sentimento e que tenha aproveitado a cada momento o poder do abraço e da presença de quem se ama.
Querido eu do futuro, hoje não é possível prever como tudo isso vai acabar. Essa carta está sendo escrita no meio de toda essa pandemia. Mas hoje, o eu do presente, espera poder ler essa carta daqui alguns anos e ter a certeza de que cada sentimento triste desse passado tenha se transformado em boas ações e bons momentos com aqueles que se ama.
(Natália Conte)