
10/02/2025
Há 230 dias, recomecei minha vida no Japão pela terceira vez.
Desta vez, não foi uma fuga. Foi uma escolha.
Sempre senti que, aqui, minha ansiedade se acalmava de um jeito que nunca encontrei em outro lugar. Talvez por isso permanecer tenha sido tão atraente, tão confortável. Mas isso não significa que foi fácil. Uma parte de mim ainda pulsa forte pelo Brasil, pelas pessoas que amo—minha mãe, meus amigos, minha história.
Só que, desta vez, eu precisei escolher por mim.
E o preço dessa escolha foi alto.
Foram meses de incertezas, desafios e, para minha surpresa, um episódio depressivo. Porque, sim, mesmo quando fazemos escolhas conscientes, ainda podemos adoecer. A readaptação foi dura, o processo de imigração foi exaustivo, e muitas coisas fugiram do meu controle. Algumas deram errado, outras simplesmente não aconteceram como eu esperava.
Mas parar nunca foi uma opção.
Por mais que eu tenha criado uma rede de apoio incrível aqui, há batalhas que só nós podemos enfrentar. A busca pela cura, muitas vezes, é solitária. Mas não significa que estamos sozinhos. Com ajuda, com paciência e, acima de tudo, com coragem, é possível se reerguer.
Hoje, sinto que os dias nublados finalmente passaram.
E, depois de tanto tempo andando no escuro, posso, enfim, me permitir viver sob a luz do dia novamente.
Sei que ainda virão desafios, mas agora eu me sinto mais forte. E, se tem algo que aprendi, é que recomeçar nunca é um retrocesso—é um ato de coragem.