
22/05/2025
Para uma mulher ser taxada de louca e quererem trancá-la em uma instituição psiquiátrica, não precisa de muito: basta ela demonstrar um desejo por algo ou apresentar um comportamento considerado desviado do padrão aceitável. Junto de fake news para conseguir engajamento, pronto, temos toda uma sociedade culpando, julgando e ridicularizando mulheres.
Para entender toda a polêmica envolvendo mulheres e bebês reborn, é necessário fazer um recorte de duas situações. A primeira: não existe nenhum registro de mulheres levando esses bebês para hospitais ou para o SUS. Tudo não passa de marketing para vender esses produtos e gerar engajamento nas redes sociais.
A segunda situação é sobre como, para a mulher, não existe espaço para hobbies ou para brincar depois de adulta. Aqui faço um recorte de gênero. Homens continuam brincando, mesmo depois de adultos, com suas coleções, jogando videogame ou futebol, e não são ridicularizados — pelo contrário, são incentivados a manter essas práticas como formas de descanso e auto cuidado. Por que existe tanta dificuldade em vermos mulheres com seus hobbies e em seus lazeres, sem que sejam imediatamente cobradas a focar apenas em suas responsabilidades?
Sobre os casos de mulheres que tratam os bebês reborn como filhos, podem existir inúmeras causas, desde a sublimação de um desejo não realizado, até uma tentativa de elaboração de um luto, entre outras questões que podem indicar um sofrimento não trabalhado. Mas não são todos os casos! Na maioria das vezes, são apenas mulheres se permitindo brincar — mulheres que, talvez pela primeira vez, conseguiram brincar; mulheres que, pela primeira vez, conseguiram comprar uma boneca.
Mas, para a sociedade, é mais fácil julgar e sair diagnosticando. Afinal, mesmo com todo o avanço que temos, ainda existe um lugar reservado à mulher: a casa, os cuidados com o marido e os filhos. A ela não pertence o prazer, o brincar — e muito menos o desejo.