11/05/2025
Toda vez que uma mulher se torna mãe, nasce também uma nova relação com o trabalho. Mas o que o mundo corporativo faz com isso? Na maioria das vezes, silencia.
Na narrativa institucional de muitas empresas, a maternidade só entra em cena em campanhas de Dia das Mães. Fora isso, é como se fosse um ruído incômodo no discurso da alta performance. É como se cuidar de uma criança fosse incompatível com produtividade, com inovação, com entrega. Dizem sem admitir que elas não têm o mesmo engajamento, disposição e energia.
E não é.
O que falta não é disposição das mulheres, mas reestruturação do trabalho. Falta entender que a maternidade é um marcador social potente, que exige reorganização dos tempos, das metas e, principalmente, das culturas organizacionais.
Na Trabalho no Divã, investigamos como o trabalho (e o não-trabalho) molda subjetividades. E a maternidade, quando ignorada nas práticas institucionais, vira um fator de adoecimento silencioso. Uma mensagem subliminar de que ser mãe é estar perdendo num jogo. A penalização materna está nas avaliações de desempenho enviesadas, na sobrecarga, no esvaziamento simbólico de quem cuida.
Mães não precisam de licença para existir no trabalho. Precisam de reconhecimento, políticas reais e ambientes que entendam o cuidado como parte da vida, não como interrupção dela.
Se sua empresa ainda enxerga a maternidade como "complicador", talvez o problema não esteja nas mães — mas na forma como o trabalho é organizado.
⚠️ É hora de parar de falar em "conciliar maternidade e carreira" como se fosse um esforço individual. A conciliação precisa ser coletiva. E política.
Autoria .bonassi .sulglobal