Tatá Pereira - Psicanalista

12/06/2025

O texto na íntegra você confere no site da

https://www.dmdesenvolvimentohumano.com.br/post/190650-transferencia-em-analise-e-o-que-vai-para-alem-do-que-a-palavra-e-capaz-de-suportar

09/06/2025

Se você chegou até aqui, saiba:
Você não precisa dar conta sozinha(o).
Te escuto para além do que a palavra é capaz de suportar, com ética, afeto e profundidade.

Vamos escutar juntas(os) o que insiste em você? ✨🛋️

09/06/2025

16/05/2025

Nos últimos anos, eu descobri que a psicanálise não é uma direção: é uma bússola que gira dentro do peito, apontando para o que falta, para o que escapa, para o que insiste em retornar com outra roupa.

Aprendi que a dor fala, que o silêncio grita, e que escutar não é esperar por resposta, mas criar um lugar onde o outro pode se encontrar.

Nem tudo tem nome, mas quase tudo tem marca.
O trauma se esconde nas entrelinhas e o desejo, como um eterno estrangeiro, só se revela quando eu o aponto.

Descobri que há ordem no caos, mas não daquelas que organizam gavetas; é a ordem do inconsciente, que costura retalhos de sonhos, lapsos e histórias não contadas.

Mais do que estudar teorias, atravessei — e continuo atravessando — espelhos, desfiz certezas, reencontrei fantasmas e nomeei ausências.

E talvez a maior descoberta tenha sido essa: a psicanálise não me prometeu cura, mas me devolveu a dignidade de ser enigma para mim mesma.

Ser enigma para si mesma é, às vezes, a forma mais honesta de existir.

E isso… isso tem sido uma forma delicada de renascer.

06/05/2025

Ser psicanalista, hoje, é sustentar uma escuta que resiste ao ruído; fazer do silêncio um território fértil, onde a dor, a dúvida e o desejo possam finalmente respirar.

Não oferecemos atalhos, respostas prontas nem fórmulas de sucesso.
O que oferecemos é presença: uma presença que não invade, mas acolhe; que não conduz, mas acompanha.

De Freud, herdamos a coragem de escutar o que ninguém queria ouvir.
De Lacan, o rigor de lembrar que há sempre algo que escapa — e é justamente aí que habita o sujeito.

Neste tempo em que tudo exige pressa, ser psicanalista é sustentar o tempo da fala, da elaboração e do enigma.
É confiar que há potência no tropeço, verdade no sintoma, e vida pulsando mesmo no que parece sem saída.

Em um mundo líquido, escutar é um ato revolucionário. Hoje, celebramos esse ofício feito de escuta, ética e presença.

Que a psicanálise continue sendo espaço de reinvenção para quem tem coragem de atravessar a própria história. 🛋️✨

01/05/2025

Em tempos de IA, resolvi fazer uma brincadeira solicitando ao ChatGPT uma imagem que pudesse me representar.

Eu poderia aqui descrever, discorrer, apresentar a simbologia de cada um dos elementos que apareceram nessa imagem, os motivos pelos quais eles fazem sentido para mim, e explicitar para todos que estão vendo a imagem o que eu penso a respeito dela. Obviamente, por se tratar de um pedido que fiz a respeito de mim, tendo a inferir um significado mais direcionado daquilo que faz sentido para mim, mas enquanto psicanalista me coloco na posição de me abster dessa direção dos significados, significantes, e significações possíveis daquilo que me foi apresentado aqui.

Isso porque a imagem gerada é de uma outra consciência e que fala sobre mim, e não exatamente uma imagem que eu criei ou apresentei como minha sobre mim.

O que quero dizer aqui é que, como não fui eu que criei esta imagem, qualquer simbologia contida, ou significado simbólico, não reflete exatamente o que eu penso sobre mim, mas sim uma projeção de outra consciência a meu respeito.

Esse movimento acontece cotidianamente quando pedimos a outra pessoa que nos descreva ao invés de nos descrevermos, quando perguntamos ao outro o que ele acha da roupa que estou vestindo ao invés de fazer esse julgamento de mim para mim mesma, quando pergunto o que o outro acha a respeito de algo que eu fiz ao invés de me responsabilizar por essa auto validação e por essas atitudes.

Pensando nisso, convido cada um de vocês a,, junto comigo, trazer nos comentários o que essa imagem representa para você, principalmente sobre o que a imagem causa em você: quais são as sensações que você tem ao observar essa imagem? O que os símbolos dessa imagem significam pra você? O que você consegue enxergar para além dessa imagem?

Me conta nos comentários. 😉✨

23/04/2025

Sentir é uma linguagem ancestral, que antecede a palavra.

É o que acontece no corpo, no gesto, na pausa, no cheiro, no olhar — antes mesmo da gente entender o que aconteceu.

Mas viver sentindo sem poder falar é como carregar um baú cheio e que nunca se abre.
O peso de carregar por tanto tempo só aumenta, mas o conteúdo segue intocado.

Nem tudo que a gente sente encontra logo um nome.
E tudo bem. É preciso conhecer, estar em contato, entender antes de nomear.

O espaço da análise não exige explicações — ele convida à escuta.
Uma escuta que não atropela o tempo, que não corrige o que emerge, que não tenta calar o que ainda está confuso.

Porque há dores que se aliviam quando encontram um ouvido, e há afetos que só ganham forma quando atravessam o som da própria voz.

Falar é uma forma de tocar o que sentimos —
e, aos poucos, transformar esse toque em sentido.

Quando falamos, o ouvido mais próximo que ouve atento é o nosso próprio. ✨

20/04/2025

Mas a gente quis que existisse.
A internet inventou. O coração acreditou.

E talvez seja aí que esteja a chave dessa história.

Em um mundo de amores líquidos, como diria Zygmunt Bauman — fugidios, acelerados, ansiosos — há algo dentro de nós que quer firmar raízes.
Então a gente pega um clássico, como Alice no País das Maravilhas, e transforma. Romantiza. Coloca palavras que não estavam lá, mas que fazem sentido aqui.

Hoje. Pra nós.

Alice nunca perguntou ao Coelho se ele a amava.
Mas agora ela pergunta — e ele responde com uma negativa que ecoa:

“Não te amo, Alice. Corro o tempo todo porque, se eu parar, percebo o quanto te amo… e não posso te ter.”

Parece dor de amor. Mas também parece espelho.

Na psicanálise, a gente entende que os laços sociais — e os discursos — moldam nosso desejo, nossa forma de amar, nossa forma de esperar ser amados. E também, muitas vezes, de aceitar migalhas como se fossem banquetes emocionais.

Freud já dizia que o Eu não é senhor em sua própria casa.
Ou seja: muitas vezes, a gente busca no outro aquilo que falta dentro da gente.

E é aí que o tal “amor-próprio” entra, não como frase de camiseta, mas como construção profunda.
Dolorosa, às vezes. Libertadora, quase sempre.

Então não, esse diálogo nunca aconteceu no livro.
Mas ele acontece dentro da gente, toda vez que a gente pergunta a alguém se nos ama… Quando talvez a pergunta mais urgente seja: “Eu me amo?”

Talvez a versão reinventada de Alice com o Coelho seja só mais uma tentativa de dar conta do real.
De transformar a angústia em poesia.
De dar voz ao que nos atravessa, mesmo que tenha que ser adaptado.

Porque, no fim, é isso que a gente faz: transforma.
Com os textos, com os afetos, com a gente mesma.

🛋️✨