12/10/2022
Procurei em uma pilha de fotos minhas, alguma em que eu estivesse sorrindo, mas não foi uma tarefa fácil. A nossa criança interior é uma parte da nossa mente que experimentou a vida e se adaptou a certos comportamentos e padrões para viver. É uma parte inconsciente de nossa mente, onde carregamos nossas necessidades não satisfeitas e emoções reprimidas da infância. A criança interior é aquela que se manifesta em nós e cujas experiências ainda não “foram embora”. O relacionamento que tivemos com nossos pais em nossa infância molda cada relacionamento que temos na fase adulta. Precisamos de uma figura adulta para nos guiar em meio às “grandes emoções” vivenciadas nessa fase. Nós queremos e precisamos ser vistos e ouvidos pelos nossos pais. Mas a maioria de nós nasceu de pais que carregam seus próprios traumas não resolvidos, herdados de seus próprios pais. Buscamos então lidar com essa realidade, adaptando-nos. Para a maioria de nós, isso significa agradar aos nossos pais, de forma a nos tornar o que eles esperam que sejamos. A tendência, em geral, nessa busca para agradar aos pais é que nos comportamos da maneira que eles valorizam e veem como “boas” e rejeitamos as partes de nós mesmos que são vistas por eles como vergonhosas ou “más”. Todas as emoções não resolvidas, necessidades que não foram atendidas e situações dolorosas em que nos sentimos assustados ou violados não desaparecem simplesmente. Eles existem dentro de nós, criando uma lente através da qual passamos a enxergar o mundo. As fantasias da criança interior funcionam como professores que nos permitem ver onde precisamos de cura. Onde precisamos honrar a parte de nós mesmos que não conseguiu o que precisávamos, em uma fase muito importante de nosso desenvolvimento. Quando comecei a acolher minha criança interior, percebi quantas vezes neguei minha própria realidade. Quanta dúvida e medo carreguei. Não se assuste, é perfeitamente normal. O ego vai resistir a este trabalho porque está sempre procurando proteger a criança interior. O ego dirá coisas como “isso é bobagem”. Ou “que perda de tempo”. Apenas observe, pois isso faz parte do processo.