18/07/2025
Aquela garotinha da quinta série, pressionada a ler, não poderia imaginar que seria parceira do cavaleiro andante em quase enlouquecer lendo romances, anos depois. Sem Dom Quixote, não saberia o quão possível é cavalgar e cair de amores por palavras que constroem lugares. Por alguns anos, segui em marcha lenta. De um tempo prolongado de romances, encontrei fora dos livros um homem que – mal sabe ele – me conquistou numa fala despretensiosa “uma casa sem livros é uma casa vazia”. Não teve outra, fui fisgada novamente pela literatura. Ele ficou e hoje moramos em uma biblioteca, ou quase isso. Tudo isso pra dizer que entrei na literatura como quem mergulha fundo e nunca mais para de nadar. E nadar só é bom, como também deve ser cavalgar. Mas não tem sido o suficiente.
Parece que as palavras têm um barulho tão alto, bem como uma onda que não tem como escapar. Precisa arrebatar. E arrebataram, foi lindo. Tal como quando rompe que vem aquelas bolinhas branquinhas que se formam na areia com o toque leve das ondas dando movimento, que ficou bem marcado que o destino de palavras, não qualquer palavras, mas aquelas que surgem nas fissuras dos livros, precisavam de um lugar para repousar.
Que toque macio no coração foi essa terça, daqueles toques que fazem carinho. Um encontro pra falar e ouvir, para as palavras serem inventadas e juntadas letra por letra, traço por traço, desenrolando em um circulo de mulheres. Se querem saber, as palavras não repousaram, como previa, estava errada. Elas dançaram, dando contorno a pequenas coisas indizíveis, com uma escuta afetuosa e o empréstimo do jeito de ver o mundo.
A aposta é em histórias que se constroem em encontros e encontros que constroem historias.