12/10/2025
Eu tive uma infância simples e muito feliz.
Quando Jojo, minha filha, nasceu pude enxergar ainda mais a garotinha que fui e ter a chance (dada pelo Criador) de acessar muitas memórias e ressignificá-las.
Todos os dias durante uma sessão de Micro, alguém acessa a criança que foi. E tem a oportunidade de enviar a mensagem ao corpo: “está tudo bem agora, você pode seguir em paz”.
Ainda me incomoda aceitarmos, como sociedade, certas questões em relação as crianças, como a terceirização do maternar, as punições (de toda natureza), as obrigações que só acontecem na infância - como a necessidade de “limpar o prato”, a falta de escuta, de entendimento de como seu cérebro em amadurecimento funciona e sim, as emoções estão em ebulição. De que nunca foi sobre mudar o comportamento quando a mamãe chega, mas sobre estar em um lugar tão, mas tão seguro e confiável que se pode ser quem é, chorar, estar vulnerável, desabafar.
É sobre a caixinha de memórias que é aberta quando usamos a palavra infância. E a certeza de que não podemos apagar o que vivemos, mas podemos fazer algo com isso e evoluirmos através do tempo e espaço. E principalmente, ser uma versão melhorada se um maternar chegar para nós.
Continuemos protegendo a infância, hoje e enquanto vivermos.
A era moderna que vivemos hoje trouxe facilidades, é fato, mas com ela trouxe falta de tempo de qualidade, trouxe excesso de telas, trouxe presentes em troca de presença.
Na época de minha mãe, hoje com 72 anos, comer doce era luxo. Na minha época de criança o luxo era ter brinquedos legais. Hoje vejo que o luxo da infância é ter presença, física, feliz e de verdade.
Como Gabor Maté já nos trouxe: “As crianças não f**am traumatizadas porque se machucam, elas f**am traumatizadas porque estão sozinhas com a dor”.
Nós não temos um filho apenas, temos um ser humano em construção. E as vigas dessa edif**ação são construídas na infância.
Se você tem um filho/filha, sinta-se chamado para transmutar o transgeracional que carrega em suas células, você pode fazer diferente se a sua infância carrega dor e solidão. Não busquemos nos galhos, temos que buscar nas raízes.
A sua criança teria orgulho hoje de quem você se tornou?