17/05/2016
Contribuições da Psicopedogia à Construção do Professor
O modo como o sujeito aprende e ensina (quer seja uma pessoa, grupo ou organização social) é expressão do seu estilo particular e inalienável de se relacionar com o conhecimento, ou seja, é expressão de sua "modalidade de aprendizagem". A fim de melhor compreender essa afirmação, é preciso explicitar o significado de alguns conceitos básicos da Psicopedagogia, tal como a entendemos: ensinante/aprendente, sujeito autor, saber e, finalmente, o conceito mesmo de modalidade de aprendizagem.
Em primeiro lugar, um alerta: aprendente/ensinante não são sinônimos de aluno/professor, não dizem respeito a papéis sociais eventualmente assumidos por algumas pessoas ou a eventuais tarefas de ensinar ou aprender realizadas por qualquer ser humano. Na Psicopedagogia, o conceito aprendente/ensinante diz respeito a posicionamentos subjetivos/objetivos singulares, frente ao conhecimento, atuantes, simultaneamente, em todos os vínculos e em cada integrante dos vínculos: quer seja aluno-professor, pai-filho, esposo-esposa e outros, ultrapassando, portanto, o âmbito escolar (FERNÁNDEZ, 2001). Mas é preciso ter em mente que esses termos, na linguagem cotidiana, podem se referir à função/tarefa de ensinar e/ou de aprender. Em vista disto, empregaremos os termos "ensinante" e "aprendente" (entre aspas), quando nos referirmos às acepções de senso comum desses termos, e empregaremos os termos sujeito ensinante ou sujeito aprendente, quando estivermos nos referindo ao significado psicopedagógico dos mesmos.
Segundo Alicia Fernández (2001), para que ocorra a aprendizagem, é preciso que quem aprende possa conectar-se mais com seu sujeito ensinante do que com seu sujeito aprendente, e quem ensina possa conectar-se mais com seu sujeito aprendente do que com seu sujeito ensinante. Isto é, é preciso permitir que o aluno, o filho, o pai, enfim, aquele que está aprendendo, possa mostrar o que já sabe : a idéia, ou as opiniões, ou as hipóteses que tem a respeito do que lhe é ensinado. Por outro lado, aquele que está ensinando precisa poder reconhecer que o outro, ao mostrar-lhe o que sabe (o aluno, o filho, o pai...), o ensina. Ensina ao "ensinante" (função) o que ele, "aprendente" (aluno, filho, pai...) conhece sobre o assunto, o caminho que o levou a tais opiniões, a tais hipóteses, mostrando o pensamento que pensou. E se, a partir daí, o "ensinante" regular sua ação, estarão ambos aprendendo e ensinando. Será a partir da interpretação dos "ensinantes" sobre as ações dos "aprendentes", que estes (alunos, filhos...) poderão ir-se constituindo como sujeitos autores (ver adiante). Essa construção do sujeito autor, entretanto, não começa só a partir da idade escolar, mas desde o início da vida do bebê.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIMOV, Marisa. Do aprender a ensinar ao ensinar a aprender: contribuições da Psicopedagogia à construção do professor". Monografia, PUC-SP-COGEAE, 2003.
FERNÁNDEZ, Alicia. O saber em jogo: a psicopedagogia propiciando autorias de pensamentos. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
GIL SANTOS, Olga R. de A . De que se queixa o Professor? Por um diálogo entre o Orientador Educacional e o Professor à luz da Psicopedagogia. Monografia, PUC-SP-COGEAE, 2003
RUZANTE, Doris de C. P. L. Saber ou não saber? Eis a questão...Monografia, PUC-SP-COGEAE, 2003.