09/11/2025
A maturidade é um equilíbrio delicado.
Amadurecer não signif**a eliminar o infantil, mas integrá-lo.
A criança dentro de nós é a fonte da curiosidade, da imaginação, da capacidade de maravilhar-se.
Sem ela, o adulto se torna funcional — porém árido, pragmático, previsível.
Vive “certo”, mas sem encantamento.
Freud dizia que a vida psíquica é regida por dois princípios:
1) O princípio do prazer, que busca o sonho, o desejo, o jogo, a imaginação.
2) O princípio da realidade, que nos ensina a adiar, planejar, suportar a frustração.
O amadurecimento saudável é aquele que faz as duas forças dançarem juntas.
Quando o adulto mata o princípio do prazer, vira máquina.
Quando o infante ignora o princípio da realidade, vira vítima do próprio delírio.
O humano pleno é o que mantém a lucidez sem perder o encanto.
A criança interior? E a sede de sentido e de beleza! A criança que habita o adulto maduro não é a que faz birra — é a que se encanta com o pôr do sol, se emociona com uma música, se arrisca em um sonho.
É a criança curiosa, criadora, confiante no mistério.
Ela é a guardiã da imaginação simbólica, que, como dizia Jung, é o motor da psique.
Sem ela, a razão f**a estéril.
Sem ela, o trabalho perde propósito, o amor perde leveza, o cotidiano perde poesia.
Por isso, crescer sem perder a ingenuidade lúcida é um dos maiores feitos humanos.
É o que Winnicott chamava de “capacidade de brincar”: o espaço entre o real e o imaginário, onde o ser humano cria sentido.
Esse espaço é o mesmo da arte, da fé, da invenção — e da alegria de viver.
E qual é o risco da maturidade sem imaginação?
Quando a pessoa amadurece apenas pela dor, pela rigidez, pela defesa, ela corre o risco de atrofiar o espírito lúdico.
O mundo passa a ser percebido apenas como tarefa, cobrança, eficiência.
E isso é uma forma sutil de adoecer: a alma se desidrata.
É a síndrome do adulto cansado de tudo, que já viu demais, que não se permite mais sonhar.
Nietzsche chamava esse estado de “niilismo passivo”: o esvaziamento do sentido, quando nada mais encanta.
A sabedoria então é integrar o adulto e a criança. A sabedoria não está nem na ingenuidade infantil nem no cinismo adulto,
mas na integração