10/11/2020
Sabe aquele brinquedinho de criança que tem uns buracos em determinado formato (estrela, triângulo, quadrado, círculo) e tem as pecinhas correspondentes?
O triângulo não entra no buraco do círculo, não adianta forçar. Assim como a estrela não cabe no quadrado. Cada buraco é de um jeito, e deve ser preenchido com seu objeto correspondente.
Na vida, muitas vezes, somos como uma criança insistente e impaciente, tentando a qualquer custo tapar nossos buracos com coisas que não os preenchem corretamente.
As vezes uma angústia vira uma panela de brigadeiro, sem a gente de dar conta, uma vira um balde de pipoca num piscar de olhos e uma tristeza pode muito bem virar um exagero na padaria. Quem nunca passou por isso que atire a primeira pedra.
Assim como quando tentamos tapar o sol com a peneira, usar comidas pra lidar com os sentimentos que não queremos sentir, não adianta muito não.
Comer pode aliviar, pode distrair, pode confortar, pode até anestesiar. Mas comer, na grande maioria das vezes, não resolve.
A comida pode até te fazer companhia em momentos de solidão, mas quando ela acaba, você vai ver que continua sozinha, na sua própria companhia. Talvez, no máximo, com uma mala cheia de ao lado.
A comida pode trazer prazer no final de um dia difícil, mas precisamos lembrar que ela não é e nem deveria ser nossa única fonte de prazer. Quando foi a última vez que você fez algo por você? Fez algo que lhe deu prazer?
O intuito aqui não é julgar. Não é pra você se culpar por estar comendo desse ou daquele jeito. A proposta é um exercício de observação:
"Olha eu aqui de novo comendo meus medos... interessante.
Talvez se eu entendesse quais medos são esses, medos do quê, talvez se eu escrevesse ou falasse mais sobre eles, poderia ter algum insight..."
Nem sempre é fácil e pode ser bem doloroso olhar pra dentro, mas talvez seja a melhor forma de se conhecer, se entender e talvez, mudar.
Você já pensou sobre isso? Quando foi a última vez que mergulhou lá dentro?