26/07/2024
📌NO PAIN NO GAIN: A CASTRAÇÃO COMO CAPITAL📌
Um dos erros mais crassos que os críticos à psicanálise cometem é associar a castração a uma ideia de limitação moral. Eu suponho que esse erro seja o efeito de um discurso que busca fazer a caveira de Freud como um conservador.
Em outro post, eu comparo a castração com a mordida para mostrar que sua relação com o desejo não é de limitação, mas de representação. A mordida que tira o pedaço é o desejo em carne viva. Por fim, a castração teria um princípio ético, ela cria em nós a falta ainda que não nos falte nada anatomicamente falando. Porém, sem essa falta imaginária, não poderíamos fantasiar que um filho fosse uma parte nossa, e, sem essa sensação, não nos empenharíamos em sua proteção como fazemos. Sem a castração, seríamos uma espécie com risco de extinção, pois não sacrif**aríamos a nossa vida para criar filhos.
De uma forma ou de outra, a castração é o quanto estamos dispostos a abrir mão pelo outro. Isso pode ter um sentido metafórico, mas pode ser entendido de forma literal. Como não enxergar a prova de amor contida na doação de órgãos. Eu dou uma parte de mim para salvar a sua vida.
Freud compreende a castração para além da ideia de sobrevivência. Se no sentido social, vão os anéis e f**am os dedos, na castração, nós damos um dedo para poder contribuir com o coletivo, que não está distanciado do prazer que eu ganho de participar da maior competição esportiva do planeta.
Dar um dedo pelo esporte é o verdadeiro no pain no gain.