21/03/2025
REIVINDICAÇÃO DA POPULAÇÃO:
SOBRE O TEMPO DE ESPERA DE CONSULTAS NO PRONTO-SOCORRO HCFM
Há algum tempo venho sendo “cobrado” por moradores da cidade devido a minha situação no hospital: são 52 anos de atividade desde 1972 e também desde esta época como plantonista no PS, ou seja, pela minha experiencia, para que pudesse dar minha opinião ou uma sugestão sobre se é possível resolver o problema de tempo de espera para consulta no PS. Então diante desta insistência resolvi dar minha opinião e dizer o que penso ao respeito.
O motivo para essa demora é o grande volume de atendimento. Toda a população da cidade e região buscam o Pronto Socorro do hospital para consultas simples e complexas as mais graves. O PS realiza as vezes mais de 200 atendimentos em 24 horas dependendo do dia. Mesmo com este volume que sobrecarrega a todos: Médicos (sempre contando com suporte de especialistas de retaguarda), enfermeiras, atendentes entre outros, que se desdobram e fazem o máximo possível para oferecer atendimento digno a todos, mas mesmo assim são criticados pela demora de espera ou sejam estes profissionais muitas vezes estão atendendo casos graves (emergência para tentar salva-los e este procedimento é demorado) então aumenta o tempo de espera e por tanto é muito comum serem xingados, criticados. Entao tem que fazer alguma coisa para tentar diminuir o tempo de espera e é o que tratarei dando a minha opinião para tentar resolver este problema.
Diante desse cenário, quero compartilhar um pouco da história do pronto-socorro do HCFM, do qual faço parte desde sua criação, juntamente com outros colegas médicos, para que possamos pensar em soluções que diminuam o tempo de espera.
Histórico do Pronto-Socorro do HCFM
O pronto-socorro foi criado em 1973 por um grupo de médicos dos quais mencionarei seus nomes aqui: Dr. Takashi, Dr. Massuda, Dr. Hisasi, Dr. Sydinei, Dr. Waldemar, Dr. Calígola e Dr. Cerqueira, com o apoio da diretoria do hospital da época – Ary de Barros, Jayme Gimenez, João Fecchio, Padre Amador, Tadeu Gimenez, Reginaldo Veodoato, Celso Gimenez, Paulo Pavarini, entre outros – e em parceria com a prefeitura, na gestão do então prefeito Laert José Tarallo Mendes (Laertão).
Todos os médicos que participaram desse projeto, e todos os outros que vieram posteriormente passaram a atender a população como plantonistas, sem remuneração, durante décadas. Eu e o Dr. Valdemar na época f**amos responsáveis pelo atendimento pediátrico, enquanto os demais colegas cuidavam dos adultos. O hospital oferecia a estrutura necessária para o atendimento, e a prefeitura auxiliava na manutenção.
Na época, existiam dois postos de atendimento em Matão – um no Bairro Alto e outro no Paraíso. Com a desativação desses postos, todo o atendimento, urgente ou não, passou a ser feito exclusivamente no pronto-socorro do hospital, aumentando consideravelmente a demanda. Com o crescimento da população, a situação se agravou, resultando na sobrecarga que temos hoje e criticam o Hospital Carlos Fernando Malzoni que é referencia no estado devido o que acontece no PS.
A população que solicitou de mim pela minha experiencia, vivencia e atendimento a 52 anos no hospital e como plantonista no PS (com outros colegas da época e os que vieram posteriormente), a minha opinião como tentar diminuir o tempo de espera para consultas no PS.
Esta sugestão que relatarei abaixo espero que seja viável sua execução, para tentar resolver este problema (tempo de espera), já iniciando o mais rapido possível e mantendo-o por vários anos até que possa ter a criação de um Pronto Socorro Municipal ou uma UPA.
SOLUÇÃO PROPOSTA:
Estudos mostram que, do total de atendimentos em pronto-socorro, apenas 20% realmente necessitam de atendimento emergencial. Portanto, é possível adotar medidas relativamente simples para diminuir o tempo de espera, sem a necessidade de grandes investimentos.
Minha sugestão:
1. Criar um pronto-atendimento pediátrico separado
Atualmente, crianças e adultos são atendidos no mesmo local, o que contribui para a superlotação. Uma solução viável seria utilizar o espaço onde antes funcionava o atendimento pediátrico do convênio HSaúde (que foi desativado). Esse local já conta com sala de espera, consultórios, sanitários e toda a infraestrutura necessária.
O que precisa ser feito:
✅ Contratação de recepcionistas e enfermeiros para o novo espaço.
✅ Disponibilização de dois médicos pediatras para atendimento pediátrico 24 horas (dois turnos de 12 horas), este é o cenário ideal, mas pode para economizar em relação a médicos, colocar um médico pediatra (ou não) para atendimento no período das 10 hora da manhã até as 22 horas quando o volume de consultas é maior. Com isto o gasto sera o mínimo possível com a contratação de somente um medico e a mudanças seria praticamente somente com logística. Estes plantonistas já tem um pediatra e especialistas do corpo clinico que dão suporte de retaguarda aos mesmo de pediatria e de adulto.
Essa medida reduziria em aproximadamente 50% a demanda do pronto-socorro geral, agilizando o atendimento tanto para crianças quanto para adultos.
Além disso, o hospital já dispõe de toda a estrutura para suporte, como:
• Internações em enfermarias e UTI pediátrica
• Tecnologia avançada (raio-X, tomografia, ressonância magnética, laboratório de análises clínicas, entre outros)
Dessa forma, a prefeitura não precisaria investir milhões na construção de uma nova unidade de atendimento emergencial, apenas na contratação dos profissionais de saúde. Isso permitiria um atendimento mais ágil e f**ando o médico, mais tempo com o paciente que está atendendo, até que futuramente, se concretize a criação de um pronto-socorro municipal e a construção de uma UPA.
Esta é a minha sugestão, mas não sei se o hospital tem algum plano para utilizar este espaço, mas seria uma solução de imediato e durante vários anos até vir novos projetos, com isso aliviando a população de Matão e região neste aspecto. O importante é que a população pediátrica e adulta seja atendida com respeito e dignidade em relação ao tempo de espera, mas esta população não tem que só criticar, mas colaborar no sentido de encontrar soluções.
Conclusão:
Como já disse inúmeras vezes o hospital é referência no atendimento hospitalar e pode com essa parceria com a prefeitura tornar-se também referência no atendimento de urgência.
Essa é minha opinião e sugestão a respeito do pronto socorro a mim cobrado pela população principalmente em relação ao tempo de espera de consultas e espero estar colaborando e quero agradece-los pela confiança a mim depositada.
Doutor Luiz José Cerqueira