29/01/2017
A Constelação Familiar e a Criança Interior.
A CRIANÇA INTERIOR FERIDA
A constelação familiar também é integrativa quando inclui o trabalho com a "criança interior", a criança natural e espontânea que fomos, o nosso centro mais íntimo, que se expressava pelo riso, criatividade, espontaneidade e entusiasmo, antes de ser marcada pela educação e por outras influências sociais, como a escola, a igreja, etc.
Quando se depara com excesso de limites, punições ou agressões, a criança interna sofre prejuízo, se modifica. Os adultos são bastante condicionados por tais influências, que lhes determina boa parte das vidas. Repetimos muitos patrões familiares nos relacionamentos, carreiras e nas próprias famílias.
O trabalho com a criança interna tem a ver com a cura das experiências infantis negativas e com as crenças negativas da vida atual. Aqueles que experimentaram rejeição na infância, se distanciam da criança interior porque não lhes parece digno receber amor. Isso os leva a assumir um aspecto extremamente duro – que anteriormente era da mãe – e que perpetua o julgamento parental negativo recebido. A fim de curar tais feridas, ao invés de permanecer na denúncia e na vitimização, deve-se promover a auto-responsabilidade; isto é, o desenvolvimento de amor-próprio e auto-aceitação, saindo da dependência do amor dos pais, dos parceiros ou de outras pessoas. Aqueles que desejam liderar e determinar as próprias vidas devem dissolver tais dependências (especialmente a dependência emocional) dos pais. Se não fizerem isso, permanecerão sem mudar. "Eu só vou ser amado e reconhecido por meus pais e parceiros se eu fizer isso ou aquilo." Se eu sou dependente desse amor e desse reconhecimento, e não posso fornecê-lo para mim mesmo, então sou incapaz de conduzir a própria vida de acordo com as próprias necessidades.
Para feridas graves da infância, como constelador, posso dar uma almofada para o representante segurar, representando a sua criança interna. É como se o cliente estivesse dividido em dois aspectos: um que é o da criança interior segurada nos braços e o outro que é capaz de segurar a vida e de prover cuidado. Quando temos a nossa criança interior integrada, ela é cuidada pelo adulto interior e pode se expressar integradamente com o seu adulto. É algo bem diferente do espontaneísmo inconsequente. O adulto está integrado na criança mas a criança também está integrada no adulto. É integração. O resgate da criança interior não significa apoiar a pessoa para ela sair chupando chupeta ou fazendo malcriação para os outros. A parte não-desenvolvida tem a ver com uma regressão parcial à dependência. No caso de ela ser total, então estamos lidando um problema mais grave e de natureza psiquiátrica.
Na constelação, o representante habitualmente segura a almofada-boneca nos braços e cuida dela carinhosamente. Isso funciona como um assentimento visível para ele acolher uma parte sua que foi descuidada pelos adultos e se aproximar de suas necessidades internas, saindo da atitude ativa defensiva.
Na constelação, crenças negativas sobre si, herdadas dos pais ou de outras figuras de influência, são abandonadas pelo reconhecimento consciente. Exemplos de crenças negativas podem ser condensadas em falas como:
• "Você não é bom o suficiente; você deve ser perfeito!" (exigência de perfeição)
• "Você é b***o e não consegue fazer nada!" (vítima de depreciação projetada)
• "Eu não mereço ser amado." (fruto de negligência emocional)
• "Nós nos casamos por sua causa." (Projeção de culpa)
• "Eu só serei amado se eu ignorar minhas próprias necessidades. "
• "Eu só serei amado se for sentir responsável e culpado por tudo. "
As constelações mostram que muitas pessoas estão separadas da criança interior, com pouca ou nenhuma relação com ela, efeitos da privação (ou, conforme teorizou Winnicott, da deprivação ambiental) na infância na forma, por exemplo, da obrigação de ter que assumir demasiada responsabilidade.
Pouco das próprias necessidades de infância foi percebido e atendido por nossos pais e acabamos por nos esquecer da importância delas. No lugar, muitas crianças se responsabilizaram pelas necessidades dos pais, negligenciando as próprias. Mais tarde, essas crianças serão adultos com dificuldade de reconhecer e de satisfazer as próprias necessidades.