20/09/2023
Afinal, aqui é uma rede social ou uma teia de consumo? O que ela é para ti?
Um algoritmo de uma rede social é um conjunto de regras matemáticas onde, a partir do perfil do usuário e do seu padrão de busca, se definirá que textos e imagens irás receber em teu feed. Quer dizer, os textos e as imagens não aparecem para ti por acaso, mas porque eles tem mais probabilidade de chamar a tua atenção.
Hoje vendem cursos que dizem ensinar como burlar o algoritmo do Instagram principalmente, para aumentar o número de seguidores e de curtidas. Para seres mais visto. Talvez até para te fazer acreditar que o número de seguidores que tens definem a pessoa que és.
Por um fenômeno de massa, de multidão, tendemos a achar que se a maioria está tendo uma atitude, ela deve ser a atitude correta, logo deve ser imitada. Quem age diferente, exatamente por estar fora da multidão, deve estar errando em algo. Essa premissa básica de funcionamento de grupo é usada amplamente pela publicidade para influenciar nossos hábitos de consumo.
Um dia o Google criou o Google shopping. Foram altamente criticados porque as pessoas pagam para que seus produtos apareçam no topo da lista. Business.
Um dia o Facebook criou o impulsionamento das postagens. Mas um dia disseram- que o Instagram, uma rede social de imagens basicamente, que essa sim era a rede social para onde todos deveriam migrar.
Por acaso o Instagram pertence à empresa Meta, que agrega ambas redes sociais. Aliás, uma sucessão de acasos.
E aí veio um movimento para mim meio aborrecido; começaram a aparecer propagandas no meio do feed do Instagram. Propagandas de tudo. Com o tempo, de pessoas.
Hoje em dia tem cursos à venda dentro do Instagram sobre como criar um perfil profissional. Lucro pra todos até agora. Mas isso é real?
Pois bem. Consumir objetos, os necessitamos para viver. Comprar espaço nas redes sociais para vender produtos, compreensível, porque as próprias redes sociais nos dizem que são elas o presente e o futuro das vendas. Elas nos dizem e nós acreditamos. Que sucessão de coincidências!
Mas e quando elas nos dizem que as pessoas estão à venda? Que devemos criar um perfil profissional, com direito a logomarca, assinatura eletrônica, fotos em estúdio e textos de pouca informação mas muita exposição de si mesmo, o que está acontecendo?
Estamos sendo “coisificados” e vendidos como produtos por aqueles que nos dizem que quem não fizer isto ficará atrás de seus concorrentes de profissão. Que devemos estar à frente da concorrência porque o mercado de trabalho é uma luta, e por serem plataformas super legais elas nos ajudam a ficar à frente dos outros, a parecermos melhores.
Como um Casanova moderno, elas dizem isso para todos, só que para um por vez. Seduzem em grupo, massificam a ideia de que ter um perfil profissional é o caminho do sucesso e que a inteligência artificial vai acabar com o Google, então esquece dele, mas falam a cada indivíduo solitariamente, em seu smartphone, que ele será o profissional que as pessoas procurarão.
Parece verdade não? Se a maioria agir assim vira verdade pelo volume crescente de perfis profissionais. Daí eu vejo perfis de pessoas que atuam em diferentes profissões e eles são muito parecidos. Aborrecidamente parecidos. Se falarem linguagem técnica somente seus colegas de profissão vão compreender. Aí simplificam e fazem duas coisas: são superficiais e se vendem. Mas são lindos de se ver, admito.
Mas será que na realidade, na vida onde a chuva molha e o sol esquenta, eles realmente são os melhores? Alguns sim, outros não. Perfis são criações. A realidade é imutável. E é a realidade que diferencia quem é de mentira de quem é de verdade, como cantou Charlie Brown Junior.
Tudo errado, mas tudo bem. Cada um é dono das suas atitudes, Cabe a cada pessoa fazer o que quiser de sua vida. Queres fazer um perfil profissional? Tudo contigo.
Queres te divertir nas redes sociais? Postar assuntos legais, imagens da tua vida ou rir dos comentários? Aproveita. Mas acreditar que um perfil profissional torna um profissional melhor do que o outro é uma ilusão.
Sou contra a venda de pessoas como se fossem objetos nas redes sociais. Isso serve para que as redes lucrem muito mais com essas pessoas, acredita. Sou a favor das redes sociais como lugares de troca de ideias, alegria, de fotos e mensagens legais. Mas não compro quem se vende, da mesma forma como não atendo telemarketing. Não acho boa mercadoria.
Um algoritmo de uma rede social é um conjunto de regras matemáticas onde, a partir do perfil do usuário e do seu padrão de busca, se definirá que textos e imagens irás receber em teu feed. Quer diz…