
06/06/2025
Sou um veterano. Médico há mais de 30 anos percebo com muita preocupação o que vem acontecendo com a nossa profissão e com a minha especialidade.
Os Congressos, outrora dedicados exclusivamente à ciência da nossa especialidade, hoje estão diferentes.
Abrindo os eventos vemos apresentações sobre marketing médico e presença digital, pretensiosamente “ensinando” a CONVENCER e VENDER procedimentos, tratamentos e cirurgias, tratando nossos pacientes como consumidores dentro do mercado da beleza.
Não me surpreende que de braços dados a este conteúdo também dominam apresentações sobre judicialização da medicina e como se proteger dela. Consequência natural de uma relação não humanizada, puramente comercial.
Investimento em marketing digital e escritórios jurídicos passou a ser parte intrínseca dos custos mensais de muitos colegas. Esse novo normal já vai sendo incrustado na forma que os jovens médicos enxergam a medicina.
O atendimento médico não é mais um momento de acolhimento, de escutar, de criar confiança. Agora ele deve ser uma EXPERIÊNCIA em que somente uma clínica luxuosa com copeiros uniformizados, aromas e um cardápio de bebidas podem gerar.
Não se parece mais com a medicina que escolhi. Sigo “jurassicamente” priorizando a relação humana à comercial, criando a conexão de confiança, honestidade e empatia. Escutando e examinando. Informando as indicações e limitações de cada procedimento, de cada cirurgia, tentando ser a cada dia um médico melhor no amplo sentido desta que é a mais bela profissão do mundo.