17/03/2018
Dia 15/03/2018
Marielle, negra, favelada e feminista existe e resiste em cada um de nós!!
Nós, estudantes do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), vimos por meio desta nota demonstrar nosso repúdio ao extermínio da população negra no Brasil evidenciado ainda mais pelo assassinato da Vereadora Marielle Franco alguns dias após denunciar as violências do Estado que, junto a produção do atual aumento recorde do desemprego, do assassinato de referências comunitárias e lideranças sociais populares, o Estado brasileiro se coloca a serviço do desmonte e precarização dos direitos trabalhistas, da intensificação da exploração, do extermínio na periferia e da cada vez mais violenta repressão as manifestações populares.
Entendemos que esse não é um fato isolado, mas consequência da forma como o Estado Brasileiro vem se posicionando com relação às mulheres, à população negra, aos moradores de favelas, às classes populares e às forças democráticas do nosso país. Ação que se materializou na intervenção militar no Rio de Janeiro, que além de ir na contra mão do acúmulo de pesquisas desenvolvidas sobre a violência de Estado e seus efeitos, agora mostrou sua brutalidade no assassinato de Marielle Franco, negra, favelada, mãe e “cria da maré” como se autodenominava, lutava pelos direitos das minorias. Uma vida corajosa interrompida por tiros.
Cobramos das autoridades policiais, políticas e judiciais esclarecimentos sobre esse brutal assassinato, que foi premeditado e executado com o objetivo de calar a boca de mais uma negra, que se atreveu a enfrentar os doutores. Que não soube onde era o seu “lugar” e ousou denunciar as impunidades que ocorriam na favela da Maré, como em qualquer outro lugar. Que dizia não à intervenção militar, ao genocídio negro, à discriminação racial e de gênero, à intolerância. Quem mandou falar demais, quem mandou denunciar?
Crimes que cotidianamente se repetem na nossa sociedade não podem ser tratados como casos isolados! É preciso fazer uma reflexão sobre qual é a nossa responsabilidade e quais os avanços nas políticas públicas em defesa dos direitos humanos. Cobrar dos órgãos responsáveis a efetivação da democracia! Os nossos direitos não podem ser transformados em benefícios, a nossa voz não pode ser tutelada pelo Estado, não podemos ser a favor desse sistema de desigualdade. Qual o nosso papel enquanto sociedade civil? Enquanto acadêmicos? Qual?
Quebrar com os paradigmas do senso comum que sutilmente divide, fragmenta, estigmatiza e inferioriza indivíduos pela classe social, cor, raça, gênero e orientação sexual é urgente. Denunciar as desigualdades sociais vividas concretamente como fez a Marielle Franco, dando voz e vez aos “desiguais”, para expor as desigualdades e “falhas” sociais.
A nossa motivação? É acordar todos os dias e manter acesa a chama da esperança dos que ficaram. Apoiados uns nos outros. É frustrar os planos que a cada dia são articulados e orquestrados pelo Estado através de discursos falidos e ideológicos que incitam e encobertam violências, discriminações, alimentam estereótipos, estigmatizando e dizimando populações em favor da manutenção da ordem.
Entre palavras, cartazes, palavras de ordem, assim enterraram uma voz, mas levantaram uma multidão!! Não vamos nos calar!! Não vão nos censurar!! Vidas Negras Importam Sim!! Sim à democracia.
Presente # Para sempre #
Não chores, irmão, Não chores
A causa é nobre, Guerreiro não foge, não corre
Juntos somos mais forte
Vamos Gritar pela nova ordem
Não chores, irmão, Não chores
A causa é nobre, Guerreiro não foge, não corre
Juntos somos mais forte
Vamos gritar pela nova ordem
(Cantora de Rap- Bê.O música : Nova Ordem)
Que nenhuma vida seja em vão!
12/08/1983 - Margarida Maria Alves, primeira mulher a presidir o sindicato dos trabalhadores rurais de Alagoa Grande, Paraíba – assassinada.
30/10/1999- Dorcelina Folador, do movimento MST, prefeita de Mundo Novo - MS, que tentou solucionar os conflitos da fronteira – assassinada.
12/02/2005 - Dorothy Stang, lutava ao lado dos povos nativos da Amazônia brasileira defendendo suas terras – assassinada.
12/08/2011 - Patrícia Acioli, juíza em processo de julgamento de policiais –assassinada.
01/11/2014 - Marinalva Manoel, líder kaiowá - assassinada
08/07/2014 – Paulo Sérgio Santos, líder quilombola na Bahia – assassinado.
01/09/2015 – Simeão Vilhalva Cristiano Navarro, líder indígena Mato Grosso – assassinado.
27/04/2016 – José Bernardo da Silva, líder do MST Pernambuco – assassinado.
07/01/2016 - Nilce de Souza Magalhães, a “Nicinha”, líder comunitária e membro do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) em Rondônia – assassinada.
02/2016 - Francisca Chagas da Silva, ativista quilombola, trabalhadora rural – assassinada.
04/02/2016 - Marcus Vinicius Matraga, mediava conflitos em terras indígenas – assasinado.
19/10/2016 – João Natalício Xukuru-Kariri, líder indígena Alagoas – assassinado.
08/07/2016 – Almir Silva dos Santos, líder comunitário no Maranhão – assassinado.
14/04/2016 – José Conceição Pereira, líder comunitário Maranhão – assassinado.
16/02/2016 – Edmilson Alves da Silva, líder comunitário alagoas – assassinado.
24/05/2017 - Jane Júlia de Almeida, presidenta da associação dos trabalhadores e trabalhadoras rurais de pau D'arco – assassinada
15/04/2017 – Luís César Santiago da Silva (“cabeça do povo”), líder sindical Ceará – assassinado.
13/07/2017 – José Raimundo da Mota de Souza Júnior, líder quilombola/MST bahia – assassinado.
20/06/2017 – Eraldo Lima Costa e Silva, líder MST Recife – assassinado.
08/07/2017 – Rosenildo Pereira de Almeida (Negão), líder comunitário/MST – assassinado.
24/09/2017 – Jair Cleber dos Santos, líder movimento agrário Pará – assassinado.
15/12/2017 – Clodoaldo dos Santos, líder sindicalista sindipetro RJ – assassinado.
20/03/2017 – Waldomiro costa Pereira, líder MST Pará – assassinado.
19/09/2017 – Fabio Gabriel Pacifico dos Santos (binho dos palmares), líder quilombola Bahia – assassinado.
04/06/2017 – Valdenir Juventino Izidoro, (lobo), líder camponês Rondônia – assassinado.
13/03/2018 – Paulo Sérgio Almeida Nascimento, líder comunitário no Pará – assassinado.
26/01/2018 – Márcio Oliveira Matos, líder do MST na Bahia – assassinado.
19/01/2018 – Leandro altenir Ribeiro Ribas, líder Comunitário no RS – assassinado.
04/01/2018 - Jefferson Marcelo, líder comunitário no RJ – assassinado.
08/02/2018 - Carlos Antonio dos Santos (carlão), líder movimento agrário Mato Grosso – assassinado.
23/02/2018 – George de Andrade Lima Rodrigues, líder comunitário Recife – assassinado.
09/01/2018 – Valdemir Resplandes, líder MST Pará – assassinado.
14/03/2018 - Marielle Francisco da Silva, conhecida como Marielle Franco, vereadora, socióloga, negra, feminista, militante dos direitos humanos, denunciante dos crimes cometidos pela polícia – assassinada.
= Não esqueceremos as assassinadas pela ditadura do século passado. Dentre muitas:
Iara Iavelberg – assassinada em agosto de 1971
Helenira Rezende – integrante da guerrilha do Araguaia – assassinada em 29 de setembro de 1072.
Zuzu Angel, estilista, que enfrentou os militares na ditadura - assassinada em 14 de abril de 1976.
= Não esqueceremos as assassinadas cruelmente pela polícia. Pelas balas perdidas. Pelos casos em descaso. Dentre tantas:
- Cláudia Silva Ferreira, 16/03/2014 - vítima de uma operação da Polícia Militar do Rio de Janeiro - baleada e em seguida arrastada pela viatura por 350 metros.
- Maria Eduarda da Conceição -13 anos - 03/2017
- Sandy Ferreira Farias, 17 anos, em Conceição da Barra
- Kátia Ferreira Almeida, 5 de fevereiro em Vila Velha
- Sandra Gomide - 32 anos - 20/08/2000