
20/08/2025
Em um atendimento recente, ouvi esta frase pela primeira vez. Que mergulho...quanta profundidade. Que privilégio é ter a oportunidade de mergulhar na imensidão de alguém.
Reflexão:
Há algo profundamente perturbador e verdadeiro nesse verso.
Ser visto — de fato — não é um ato neutro.
Quando alguém nos percebe em profundidade, atravessa nossas defesas e toca zonas que às vezes nem nós mesmos sustentamos no campo da consciência.
Na clínica, isso aparece com frequência.
No instante em que o paciente percebe que seus conteúdos não estão mais invisíveis – que o analista vê aquilo que sempre ficou escondido – nasce um medo quase primitivo.
É como se a luz do olhar ameaçasse destruir as formas antigas com as quais ele aprendeu a sobreviver.
❝Ser visto é quase morrer❞
Porque ser visto implica morrer para o personagem.
Implica desmontar as máscaras, desmontar o ideal, desmontar as narrativas que sustentavam a imagem.
Morre o conhecido, nasce o enigma.
Há algo que se devora: os mecanismos de defesa, os esconderijos psíquicos, as ilusões de perfeição.
Ainda assim, é nesse mesmo processo que a possibilidade de vida real emerge.
Quando o olhar do outro sustenta — e não invade — ele deixa de ser devorador e passa a ser gerador.
É a experiência do vínculo que ilumina sem destruir, que revela sem engolir.
E talvez seja justamente esse o sentido mais profundo da clínica:
construir um espaço onde a luz não devora, mas acolhe e permite nascer.
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Faz sentido para você? A psicoterapia pode te auxiliar nesta trajetória.
Lembrou de alguém? Encaminhe. O cuidado, nem sempre é presença física.
Psicóloga Clínica Catarine
CRP 06/177878
Agende (11) 91209-5179