
23/05/2025
"Pois vendendo bananas, eu também tenho o meu cartaz
Pois ninguém diz pra mim
Que eu sou um pária no mundo
Ninguém diz pra mim
Vai trabalhar vagabundo"
Esse trecho da música “Vendedor de Bananas” dos Os Incríveis e eternizado por Jorge Ben Jor, me voltou à mente hoje enquanto escutava pacientes falando sobre trabalho.
Quantas vezes a gente sente que precisa provar que é produtivo, útil, merecedor de um lugar no mundo? Que não é "vagabundo", que não é preguiçoso?
O trabalho, na nossa sociedade, não é só um meio de sobrevivência é também uma forma de reconhecimento. Como diz Lacan, o sujeito se constitui no olhar do Outro. E quando esse Outro (a sociedade, a família, as instituições) nos vê como “falhos”, nos sentimos como se perdêssemos o direito de existir simbolicamente.
A música fala de alguém que, mesmo vendendo bananas, diz com orgulho: "eu tenho meu cartaz". Ou seja, ele exige ser reconhecido. Porque ser visto e ter valor é, muitas vezes, o que mais desejamos!
No fundo, essa é uma luta de muitos encontrar um lugar onde o trabalho não seja só cobrança, mas também dignidade.
Psicóloga Mariana de Oliveira
CRP 06/162463