15/07/2025
O paradoxo do olhar, é o de ser tocado pelo invisível.
Num encontro, os corpos, em seu poder de afetar e serem afetados, se atraem ou se repelem.
E neste encontro, os corpos são tomados por uma mistura de afetos: eróticos, sentimentais, estéticos, perceptivos, cognitivos...
E este corpo que é então, vibrátil, vai mais longe: as intensidades, no próprio momento em que surgem, ficam ensaiando, mesmo que desajeitadamente, jeitos e trejeitos, gestos, expressões de rosto, palavras...
É nesta trajetória dos encontros, que os afetos ganham a espessura do real. Ainda que tímidos, ainda que quase inaudiveis, ainda que distantes no espaço tempo, ainda que com tantos desencontros, são eles que produzem a substância dos dias.
(Escrita inspirada na suavidade poetica de Suely Rolnik - Cartografia sentimental)