
03/08/2025
“Nossa mãe partiu há um ano como quem sabe a hora certa de fechar a porta sem fazer ruído, deixando o aroma das flores na memória de quem f**a. Ela, que sempre teve mãos firmes para o trabalho e coração manso para a família, foi-se como um rio que encontra o mar – sem pressa, mas sem volta.
Teve filhos, netos e bisnetos, mas nunca foram apenas eles. A casa e o sítio sempre se alargavam para acolher parentes, amigos, vizinhos, quem precisasse de um ombro ou um pedaço de pão. Lutou a vida inteira, não para conquistar o mundo, mas para costurar laços, para ensinar que a verdadeira riqueza é ver a família unida, as vozes se misturando, a música do piano se espalhando pela sala.
No sítio, as orquídeas eram seu refúgio. Ela as contemplava como quem dialoga com a vida em silêncio. Cada flor lhe trazia serenidade, como se a natureza lhe devolvesse, em cores e perfumes, a paz que ela mesma semeava ao redor.
Seu rastro, no entanto, não ficou apenas na família. Foi deixado também em cada uma das atividades profissionais e instituições que abraçou. Sua atuação sempre foi firme, comprometida, marcada pela dedicação que não buscava reconhecimento, mas resultados que transformassem vidas.
E há marcas mais concretas ainda, gravadas nas paredes e memórias das casas da Saldanha Marinho, da Gilberto Stuart e da Eduardo Garcia. Cada endereço guarda histórias, risadas, conversas ao entardecer, ensinamentos que hoje nos sustentam.
A saudade é grande, mas o legado é maior. Ela nos deixou o mapa do que importa: a união, a amizade, a esperança que não se apaga. E quando o piano toca, mesmo que em outra casa, mesmo que em outra vida, é como se sua voz simples e envolvente sussurrasse de novo:
“Sigam firmes, meus queridos. A vida é um fio delicado, mas quando trançado no amor, ele nunca se parte.”
Lindo texto escrito pelo meu irmão Lício Campos.