15/09/2025
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A psicanálise, desenvolvida por Sigmund Freud no final do século XIX, revolucionou o entendimento da mente humana ao revelar que grande parte de nosso comportamento é impulsionada por forças inconscientes, desejos reprimidos e impulsos irracionais. Freud argumentava que o inconsciente governa ações que, superficialmente, parecem racionais, influenciando desde as escolhas pessoais até as dinâmicas sociais. Essa visão profunda da psique humana não se limitou aos consultórios terapêuticos; ela se estendeu ao mundo da comunicação de massa, dando origem a técnicas de propaganda e manipulação que moldam sociedades inteiras até hoje. O principal elo entre essas duas esferas foi Edward Bernays, sobrinho de Freud, que transformou as ideias psicanalíticas em ferramentas para "engenhar o consentimento" das massas.
Edward Bernays, nascido em Viena em 1891 e radicado nos Estados Unidos, era não apenas familiar de Freud, mas também um entusiasta de suas teorias. Após a Primeira Guerra Mundial, onde trabalhou na promoção da propaganda americana para vender o esforço de guerra como uma cruzada pela democracia, Bernays percebeu o potencial das ideias freudianas para influenciar o comportamento coletivo. Ele importou os livros de Freud para os EUA e os usou como base para criar o campo das relações públicas (PR), rebatizando a "propaganda", termo manchado pela guerra, como uma ciência "benigna" de moldar opiniões. Em seu livro seminal *Propaganda* (1928), Bernays defendeu que, em uma democracia, uma elite invisível de manipuladores era necessária para guiar as massas, apelando ao inconsciente em vez da razão. Ele via a propaganda como uma forma de psicologia de grupo, onde símbolos e associações emocionais podiam despertar desejos latentes e canalizá-los para fins comerciais ou políticos.
Um dos exemplos mais icônicos dessa fusão entre psicanálise e manipulação foi a campanha "Torches of Freedom" (Tochas de Liberdade), lançada por Bernays em 1929 para a American To***co Company. Na época, fumar era estigmatizado para mulheres, visto como um vício masculino. Inspirado pela noção freudiana de liberação de impulsos reprimidos, Bernays contratou um grupo de mulheres influentes, atrizes e debutantes, para marchar na Passeata de Páscoa em Nova York, acendendo ci****os publicamente como "tochas de liberdade", simbolizando a emancipação feminina. A ação foi amplamente coberta pela imprensa, associando o fumo à rebeldia e à igualdade de gênero, o que dobrou o consumo de ci****os entre mulheres em poucos anos. Bernays manipulou o inconsciente coletivo, transformando um produto viciante em um ícone de empoderamento, sem jamais revelar os riscos à saúde, ele próprio desaconselhava que sua esposa fumasse, ciente de estudos iniciais sobre o câncer.
Essa abordagem se expandiu para o consumo em massa. Bernays aplicou princípios freudianos para criar desejos artificiais: promoveu o bacon como parte do café da manhã "ideal" ao convencer médicos de que era saudável; organizou concursos de escultura com sabão para tornar o banho "divertido" para crianças, impulsionando as vendas da Procter & Gamble; e usou o medo do contágio para vender copos descartáveis Dixie, fundando comitês falsamente independentes para endossar a campanha. Em cada caso, ele explorava o inconsciente, medos, desejos se***is e inseguranças, para "liberar" impulsos consumistas, transformando cidadãos em consumidores vorazes e sustentando o capitalismo de pós-guerra.
O impacto foi profundo e ambíguo. Enquanto Bernays ajudou a estabilizar economias ao estimular o consumo, suas técnicas foram apropriadas por regimes autoritários. Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista, admirava o trabalho de Bernays e o adaptou para criar o culto ao Führer, chocando o próprio criador quando ele descobriu, em 1933. Críticos, como o juiz da Suprema Corte Felix Frankfurter, o chamavam de "envenenador profissional da mente pública", alertando para o risco de erodir a democracia ao suprimir o pensamento crítico. Hoje, ecos dessa herança freudiana-bernaisiana permeiam a publicidade, as redes sociais e a política: algoritmos que exploram vieses inconscientes, fake news que apelam a medos primitivos e campanhas eleitorais que "vendem" candidatos como produtos desejáveis.
Em resumo, a psicanálise de Freud forneceu o mapa do inconsciente, e Bernays o usou para navegar e manipular as massas. O que começou como uma ferramenta terapêutica para curar indivíduos tornou-se uma arma de influência em escala global, questionando se nossa "liberdade de escolha" é genuína ou apenas um consentimento engenhado. Essa conexão revela o poder, e o perigo da mente humana quando compreendida e explorada por elites.
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