16/11/2021
Existe ligação entre os Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) e Epilepsia? Essa é a pergunta que os pesquisadores da Rutgers University e da Califórnia, em Riverside, estão tentando responder em um artigo na revista Psiquiatria Translacional.
Dentro dessa indagação, duas questões os atormentam: o autismo causa um aumento na epilepsia? Ou a epilepsia altera os circuitos do cérebro, o que leva ao autismo?
Os pesquisadores trabalham com uma hipótese de que os neurônios inibidores do desenvolvimento do cérebro, que regulam os ritmos cerebrais, se desenvolvem de forma anormal.
Para verificar essa hipótese, os cientistas realizaram experimentos em ratos. Eles se concentraram nos neurônios inibitórios porque, ao contrário dos neurônios excitatórios que fazem com que a informação se espalhe, os últimos atuam como freios, suprimindo e esculpindo a atividade neuronal a jusante.
Os ratos tinham uma mutação que impede que os neurônios inibitórios migrem para sua localização normal nos circuitos cerebrais maduros. Os pesquisadores descobriram uma diminuição nas correntes inibitórias no hipocampo, uma área do cérebro que desempenha um papel crítico no processo de memória. Isso se refletiu nos ratos por traços comportamentais associados ao autismo e convulsões recorrentes.
De acordo com os pesquisadores, tanto o TEA quanto a Epilepsia estão associados a um defeito de desenvolvimento no estabelecimento de circuitos neurais inibitórios.
Este não é o primeiro estudo a demonstrar claramente uma associação entre autismo e epilepsia, embora essa ligação entre essas duas condições não seja bem compreendida até agora. Em pessoas com autismo, a prevalência da epilepsia, segundo estudos, é avaliada entre 5 e 40%. Essas taxas são muito superiores às observadas na população em geral, que se aproximam de 0,5 a 1%. Quando as crises epilépticas começam no primeiro ano de vida, o risco de desenvolver transtorno do espectro do autismo também é estimado em 14%.
Fonte: Leiria Económica