
26/05/2025
É comum, em algum momento ou vários de nossas vidas, termos o pensamento de “o que fazer agora?”, seja diante da escolha de uma carreira, da vida adulta com suas cobranças, ou dos boletos a pagar, obrigações a serem cumpridas, declarações de imposto de renda e IPVAs, etc. Embora seja mais comum, esse tipo de questionamento não acontece apenas na passagem para a vida adulta: muitas vezes vemos na clínica pessoas na fase dos 40 anos com a mesma indagação de “o que faço da minha vida? E agora?”.
Inúmeras questões podem explicar estes questionamentos tanto na passagem para a vida adulta quanto para quem já se encontra numa fase mais madura. Porém, um dos arquétipos que aparece com certa frequência e que ilustra uma dificuldade de crescimento psicológico observado em alguns desses casos é o arquétipo do Puer – ou da Puella, expressão latina adequada à mulher. O Puer (que deriva inclusive a palavra “pueril” – infantil) é o símbolo que nos remete à nossa criança interior. Portanto, ele fala da dificuldade de crescermos, sobre ainda olharmos o mundo com fantasias infantis e, de certa forma, resistirmos ao amadurecimento necessário para enfrentar a vida.
Na Psicoterapia, quando o paciente parece constelar este tipo de arquétipo, buscamos entender quais dinâmicas parecem impedir ou atrapalhar um certo crescimento psicológico saudável, uma passagem de fase que todos nós necessitamos realizar para que nosso desenvolvimento psíquico se mantenha em equilíbrio. Quando paramos em uma determinada fase da vida, para Jung, nos encontramos em um “beco sem saída”, que promoverá a repetição de situações e trilhas perturbadoras que não nos permitirão “passar de fase” neste jogo da vida humana, até que elaboremos nossos conflitos e aprendamos novas posições e dinâmicas em nossas relações e nossa postura existencial.
Nas mulheres, isso pode aparecer sob aquele aspecto de acreditar que “alguém ainda vai aparecer para salvar a princesa da torre” e, enquanto esta não se percebe como uma adulta funcional, capaz de dar conta de si, de sua carreira e de sua vida, pode f**ar parada no questionamento de “o que faço da minha vida?”, perdida diante dos inúmeros caminhos possíveis.