
15/07/2025
Algumas frases que ouvimos sobre o tempo e a dor podem soar estranhas ou até causar desconforto. Para quem perdeu um filho, a ideia de que "o tempo cura tudo" pode não fazer sentido algum — ou até parecer ofensiva. Porque essa dor, tão profunda, não passa com o tempo. Ela apenas muda de lugar dentro da gente.
O luto de um pai ou uma mãe não é apenas uma fase. Não é algo que se resolve com distração, com fé ou com conselhos. É um caminho íntimo, muitas vezes solitário, em que o mundo parece não saber como chegar perto, como ajudar. Dizer “vai passar” pode, sem querer, machucar ainda mais quem já está em pedaços.
O mês de julho, conhecido como "Julho Âmbar", é um convite à conscientização sobre o luto parental. É um lembrete de que aquele filho — independente da idade, do tempo vivido ou da causa da perda — continuará sendo parte da história de seus pais. Porque o amor não desaparece com a morte. Ele se transforma, permanece de outra maneira.
É importante lembrar que cada pessoa vive o luto de um jeito único. Não existe certo ou errado quando se trata de sentir. O que existe é a necessidade de espaço, de escuta e de respeito. Quando acolhemos sem julgar, oferecemos algo muito precioso: presença. Às vezes, isso é tudo o que um coração em luto precisa.
Elisabete Felipe
Psicóloga Ψ
Especialista em Gerontologia 🌻