
07/08/2025
Você olha para ela e sente algo que não cabe em palavras. É mais do que amor de filha. É um cuidado que queima no peito, como se fosse sua missão mantê-la em pé. É como se, em silêncio, você soubesse que ela precisa de você mais do que imagina — não só agora, mas desde sempre.
E talvez… esteja certa. Talvez, em outra vida, tenha sido você quem a segurou nos braços pela primeira vez. Quem lhe ensinou a andar, quem a embalou quando o medo chegava. Talvez, um dia, tenha sido você quem a chamou de filha.
Sim, é possível. Almas que se amam profundamente voltam a se encontrar. E quando há algo que ainda precisa ser vivido, curado ou compreendido, a vida dá um novo corpo à mesma história, mas troca os papéis. A mãe de ontem vira filha hoje. A filha de agora carrega lembranças que não sabe de onde vêm, mas sente com toda a alma.
Por isso, às vezes, você se sente tão responsável por ela. Como se soubesse que seu papel vai além do que parece. Você percebe os silêncios, intui os sentimentos, antecipa as quedas. Sente medo de perdê-la de novo, como se já tivesse perdido uma vez. E por trás da sua força, existe uma dor que ninguém vê: o peso de amar alguém que, no fundo, você sente que já cuidou antes.
Isso não é fraqueza. É sabedoria da alma. São marcas que o tempo não apaga, apenas transforma. Porque o amor verdadeiro não conhece fim. Ele se reinventa para continuar.