29/05/2025
Jung já previa, com uma clareza quase profética, que o homem moderno afastado de seus mitos, da natureza e do invisível viveria a ativação da sombra coletiva, impulsos primitivos, violência cega, medo crônico, solidão e despersonalização. Ele chamou esse fenômeno de “o retorno dos Titãs” forças arquetípicas desgovernadas que emergem quando o ego perde o contato com o Self.
Diante dessa crise, Jung não propunha uma fuga pelo espiritualismo evasivo, mas sim uma descida, enraizamento, retorno ao essencial.
Cuidar de uma horta, andar a cavalo, viver com o ritmo das estações, olhar para dentro com coragem, habitar a própria casa interior.
Essas imagens a terra, o cavalo, a horta, o silêncio não são apenas bucólicas.
São rituais psíquicos de reintegração.
No contato com o corpo, com o animal, a planta, o solo e o tempo real, o ego se reencontra com o Self com o sagrado imanente. Jung chamava isso de autorrealização, não como um estado idealizado, mas como uma vida vivida com sentido, onde o indivíduo pode tornar-se inteiro e não apenas “bom”.
O papel do processo analítico, pensar junto, sonhar junto.
Num mundo que esvazia a subjetividade e acelera a fragmentação, o processo analítico se torna uma oficina de alma.
Não se trata de “consertar” a pessoa, mas de ajudá-la a escutar a si mesma, dar forma ao que emerge, decifrar seus próprios símbolos.
Quando analista e analisando se encontram, não há apenas técnica, há presença, escuta, alquimia. Eles se juntam no trabalho de pensar mas não um pensar racionalista, é um pensar com o coração, com imagens, com sonhos, com memória viva.
Diante disso, o Self se manifesta na presença de alguém que nos vê. 🦋🌹