25/10/2022
Eu escutava isso constantemente do meu professor de piano, César! Ele sempre me fazia estudar muito as teorias, entender o porquê de cada coisa nas escalas, modos gregos, harmonia, partituras e gêneros musicais. No entanto, quando ele dizia: "vamos tocar!" e eu travava em determinados trechos da partitura, com um risinho de quem já tinha décadas de relacionamento com o piano, ele me dizia : " Angel, pratique todas as escalas e modos mas quando for tocar, apenas toque. Esqueça a teoria e apenas sinta a música, e toque" Eu argumentava dizendo: "Ué, César, mas eu preciso da teoria pra saber o que fazer" Daí ele gentilmente, sempre rindo de minha pressa ao piano, tentava me fazer entender que a teoria eu já havia encarnado quando passava horas em casa estudando, agora ela precisava sair SEM PENSAR, apenas deixar a música me conduzir por aquilo que eu já sabia teoricamente! Não era hora de pensar, era hora de sentir!
Hoje, entendo César! Penso em como na cultura ocidental somos pressionades constantemente a separar mente e corpo (corpo aqui como lugar do sentir), e na separação elegemos a mente como importante, descartamos o corpo, o sentir, as sensações! O Filósofo Descartes inaugurou uma ciência da divisão, mente e corpo, das dúvidas, e da razão acima de tudo.
Porém, esses dias tive uma aula no mestrado que me afetou muito, falávamos sobre integrar Ori( cabeça) e Okan (coração), uma perspectiva africana que fez muito sentido pra mim nessa jornada de pesquisa em que minha aposta está no corpo ( sentir) que se (re)conecta com a mente, visto que pela Gestalt Terapia, abordagem que me baseio, o sujeito é holístico, ele não é partes, nem mesmo a mera soma das partes, ele é um todo. Um inteiro. E como é que faz pra gente está inteiro na vida como eu tentava está inteira no piano quando tocava ?+ ( CONTINUA NOS COMENTÁRIOS 👇🏿)