
17/07/2025
Para alçar voo, é preciso antes atravessar o ninho.
Não sem tropeços, não sem cortes.
Porque o ninho é mais que abrigo:
é onde se borda a falta,
é onde o desejo ganha suas primeiras p***s.
Na clínica, o ninho este lugar de encontro com o grande Outro primordial na teia simbólica da linguagem, o campo do desejo materno,
o lugar onde o sujeito se inscreve antes mesmo de saber que é.
Mas para ser sujeito, para ser passarinho
é preciso que algo se descole desse ninho.
É preciso o não do Nome-do-Pai,
é preciso a castração simbólica,
é preciso perder para desejar.
É na adolescência que esse atravessamento se atualiza com força.
Se na infância o ninho é sustento, cuidado e nomeação,
na adolescência ele se torna estreito:
é preciso sair da posição de objeto,
arriscar-se como sujeito.
Não mais ap***s aquilo que o Outro deseja,
mas aquele que começa a se perguntar: O que eu desejo?
E então, ao preço de um resto que f**a,
o sujeito pode voar.
Não livre de tudo, mas livre o bastante para desejar!
A travessia do ninho é a travessia do sujeito.
Entre a letra e o corte, entre o desejo do Outro e o seu próprio,
é aí que se abre espaço para voar
mesmo que com as asas tortas,
mesmo que com medo da queda.
Encontrar uma maneira de sair do ninho é essencial para se lançar na vida.
Leon de Oliveira
Psicólogo e Psicanalista
CRP 05/66173