
08/03/2022
Primeiramente reverencio todas as mulheres que vieram antes e abriram meus caminhos.
Para que eu chegasse aqui foi muito sofrimento e sangue derramado.
Agradeço minha linhagem na figura de minha avós Dadá e Oscarlina, minha mãe Ophelia, todas as tias e primas mais velhas, além de mulheres que estiveram presentes nas artes, nas ciências, na política, na psicologia e na educação nos ajudando a pavimentar nossa trajetória.
Dentro do meu trabalho o objetivo é lutar junto das mulheres que passarem por mim. Acolhendo, abraçando, construindo, desconstruindo e pensando juntas. Ofertando um espaço terapêutico sensível o suficiente para compreender as opressões de gênero e o quanto muitas doenças se manifestam por pura falta de oportunidade e políticas públicas efetivas
Nem sempre é uma questão individual.
Como ter saúde mental quando você precisa trabalhar e não tem com quem deixar seus filhos? Quando está desempregada sem dinheiro para pagar o aluguel? Como se organiza? Onde arranja forças?
Não podemos dar jeito nessas coisas que são estruturais, mas podemos ajudar na organização interna para que as demandas corram melhor, para que apesar do caos possamos transitar com fluidez, força, leveza, altivez e liberdade.
Podemos ajudar no fortalecimento das mulheres para que consigam romper ciclos violentos, relacionamentos abusivos.
Tem dias e dias. Dias que as mulheres colocam um cropped e reagem, dias que o rasgam e vão dormir, porque não somos obrigadas a reagir o tempo todo. Saber se perdoar é revolucionário
Dias felizes, de respeito, plenitude, liberdade e nenhum direito a menos, nenhuma vida a menos. É para isso que eu trabalho todos os dias. Eu não estou sozinha, você não está sozinha.
À minha filha, hoje com 11 anos, dedico o meu fazer, para que ela seja livre, para que nada a defina a não ser a sua vocação para tomar posse de si e de seus desejos