
19/12/2022
Essa é uma pergunta que aparece com alguma frequência, como curiosidade mesmo.
"Mas e se o paciente mentir? O que cê faz?"
E a resposta é: não tem nada a ser feito, além de não sermos detetives (no sentido de investigar a vida do paciente fora da sessão) não nos interessa muito se um fato aconteceu "na realidade" ou fora dela.
Se a(o) paciente está contando é porque tem um valor pra ela(e), há algo ali que ela(e) quer compartilhar com a gente sobre eeeeeeeee o que está para além das histórias é o que nos interessa em alguma medida.
Como a(o) paciente conta a história, porque ela é importante a ponto de ser trazida para a sessão, quais palavras escolhe, qual ponto emociona, se há alguma repetição, como se articula com o que já foi dito antes, como ela(e) reage frente ao que está contando... e por aí vai!
Em os "Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade" Freud já apontava o quanto algo que - tecnicamente - aconteceu na fantasia tem força para se sobrepor a realidade e provocar sofrimento ou tocar de fato aquela(e) que narra sobre.
Ou seja uma "história inventada" ou uma "história real" o que nos interessa são um monte de outras coisas que não passam pelo crivo "é verdade ou é mentira?".
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Stéphani Pinho, psicanálise e psicologia clínica.
CRP 03/21041
REFERÊNCIA:
Sigmund Freud - Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade (1905)