20/06/2025
A frase em questão não diz respeito à ausência de cuidado, mas à promoção de autonomia.
Aprendemos, por muito tempo, a associar cuidado à presença do outro. Mesmo com avanços na autonomia, ainda carregamos, muitas vezes de forma silenciosa, a expectativa de sermos cuidados externamente.
Contudo, a psicoterapia parte do pressuposto de que o sujeito possui, em si, recursos internos que podem ser resgatados, fortalecidos e ressignificados.
Frequentemente, esses recursos encontram-se inativos ou fragilizados em decorrência de vivências traumáticas, padrões repetitivos ou estruturas emocionais que limitaram sua expressão.
O setting terapêutico não é um espaço de dependência, mas de reconstrução simbólica.
É nele que o paciente é convidado a desenvolver autopercepção, autocompaixão e autorresponsabilidade.
O autocuidado, nesse contexto, não se refere a práticas isoladas, mas a um posicionamento subjetivo diante da própria existência.
Com o tempo, o indivíduo aprende a reconhecer suas necessidades emocionais, a estabelecer limites e a sustentar suas escolhas de forma mais consciente.
E é nesse processo que emerge um cuidado genuíno, enraizado na autonomia e não mais na idealização de um outro que venha "salvá-lo".
Você tem se permitido desenvolver essa autonomia ou ainda espera que o cuidado venha exclusivamente de fora?