
14/08/2025
Assim como um jardim que cresce sem cuidados tende a se encher de ervas daninhas, a vida emocional de uma filha que cresce sem a presença materna pode se desenvolver de forma desigual, com espaços de vazio e carência que nem sempre são visíveis à primeira vista. A ausência dessa figura — que muitas vezes é o primeiro espelho de acolhimento, segurança e afeto — deixa marcas sutis, mas profundas, na forma como essa filha aprende a se relacionar consigo mesma e com o mundo.
Na terapia, é como se começássemos a cuidar desse jardim abandonado. Primeiro, reconhecemos quais flores nunca tiveram a chance de florescer: a confiança básica, o senso de pertencimento, a validação emocional. Em seguida, olhamos para as raízes: crenças e sentimentos que se formaram a partir desse vazio, como a sensação de não ser suficiente ou o medo de ser abandonada.
Com paciência, vamos retirando as ervas daninhas — comportamentos de autossabotagem, padrões de relacionamento disfuncionais — e preparando o solo para que novas sementes sejam plantadas: autoestima, autonomia e amor-próprio.
Com o tempo, esse jardim interno deixa de ser um lugar árido e solitário, tornando-se um espaço vivo, fértil e seguro. E a filha que um dia cresceu sentindo falta da mãe encontra dentro de si a figura de cuidado e amor que sempre buscou.