
13/07/2025
O Paradoxo do Equilíbrio que Nunca Existe
Dizem-nos para buscar o equilíbrio como quem procura um lugar seguro e estável, um porto onde finalmente ancorar. Mas a verdade mais profunda é que esse porto é um navio em movimento constante. O equilíbrio não é um ponto de chegada, e sim o ato sutil de navegar entre as tempestades que nos formam.
O corpo sabe disso antes mesmo que a mente compreenda. Quando nos colocamos em posturas de equilíbrio no yoga, não encontramos a imobilidade, mas sim uma conversa íntima com a gravidade. Cada tremor, cada ajuste quase imperceptível dos dedos do pé no chão, cada oscilação do torso, todos são mensageiros de uma verdade: só reconhecemos o equilíbrio porque conhecemos intimamente o desequilíbrio.
São as quedas que traçam os mapas do nosso centro, são os tropeços que ensinam aos nossos pés a linguagem da terra.
Há um paradoxo cruel e belo nisso tudo. Quanto mais tentamos controlar o equilíbrio, mais rígidos ficamos, e a rigidez é a primeira inimiga do verdadeiro alinhamento. Como a cana que sobrevive ao furacão porque sabe se curvar, nosso bem-estar não está na resistência, mas na resiliência. Não na ausência de caos, mas na capacidade de dançar com ele.
Os sábios do Yoga nunca nos prometeram estabilidade. Ofereceram algo mais precioso, a consciência de que somos seres de passagem entre polaridades. Que nossa luz só brilha porque conhecemos a escuridão, que a calma só tem significado porque sobrevivemos às tormentas. O equilíbrio, quando muito procurado, se esconde, e quando aceitamos sua natureza passageira, ele vem habitar em nós como um hóspede silencioso.
No fim, talvez equilibrar-se seja simplesmente aprender a amar o balanço do barco em vez de sonhar com um mar que nunca se move. É no abraço às nossas oscilações que encontramos o único centro verdadeiro, aquele que pulsa, vivo e mutante, entre todos os nossos desequilíbrios.