25/07/2025
Neste 25 de julho, Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, reforçamos que promover saúde e segurança alimentar é mais do que prescrever dietas ou elaborar cardápios. É reconhecer desigualdades históricas e atuar com responsabilidade social diante das injustiças que atravessam os corpos, as vivências e os territórios das mulheres negras.
A data também celebra Tereza de Benguela, símbolo de resistência, liderança e luta do povo negro — inspiração permanente para quem defende a equidade em todas as dimensões da vida.
No Brasil, a fome tem cor, gênero e classe social. Segundo o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da COVID‑19 (Rede PENSSAN, 2022), 22% dos domicílios chefiados por mulheres negras enfrentam fome moderada ou grave — uma proporção significativamente superior à observada em lares chefiados por mulheres brancas (13,5%) e por homens brancos (9,8%).
A Nutrição tem um papel estratégico nessa transformação. Profissionais da área precisam reconhecer os impactos da exclusão alimentar, da sobrecarga de trabalho e da desvalorização dos saberes tradicionais das mulheres negras.
Ser nutricionista e técnico em nutrição e dietética é assumir um compromisso ético com a equidade racial. É entender que onde há fome, há também violação de direitos – e que a luta por um país mais justo começa com a escuta ativa, o respeito às diferenças e a valorização de iniciativas como as cozinhas comunitárias, hortas urbanas, terreiros e associações lideradas por mulheres negras.
Não há soberania alimentar sem justiça racial. Não há saúde sem inclusão. E não há democracia sem o protagonismo das mulheres negras.