
25/06/2024
Essa é uma pergunta recorrente que nos fazem sobre nossa profissão. E não, nós não “SÓ ouvimos”.
Um trabalho de análise não é um diálogo. Claro que há pequenos momentos em que o paciente comenta sobre algo do cotidiano e nós respondemos, como uma conversa de corredor, como no momento que estamos caminhando até a sala ou se despedindo. Mas a análise em si não é isso, não vamos dialogar ou debater assuntos.
Na psicanálise dizemos que o analista não existe como pessoa quando está atuando em sua função. Isso porque o espaço ali é do paciente, um lugar para a sua singularidade, onde as palavras que ele usa para expressar sua angústia e sua dor ressoa para que ele mesmo possa ouvir. Ali, nós analistas, estamos para traduzir o inconsciente do analisando que aparece nos tropeços da linguagem e que ele mesmo não consegue perceber. As pontuações que nós fazemos tem o intuito de chamar a atenção do paciente para o que é dele e está ali codificado.
Ser analista é se colocar em um lugar onde só o outro importa. Nosso ser se ausenta para que o do outro possa aparecer.