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No dia 27 de maio de 2012 sofri um acidente de queda da própria altura no aeroporto. Desenvolvi dores crônicas e fibromialgia.
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Queda no Aeroporto J.K.
No dia 27 de maio de 2012 sofri um acidente no aeroporto em Brasília (J.K.). Fui levada ao hospital de base (pois o meu plano não cobre fora do RJ). O médico na época residente afirmou que eu não tinha nada e que estaria habita a viajar, pedi que me fizesse um laudo autorizando a minha viagem. Acabou que voltei para a casa da minha irmã onde permaneci até o dia 30. Dormi em um colchão no chão, usando fraldas e tentando entender o que havia acontecido. As dores eram insuportáveis. Eu chorava, rezava para que não fosse nada, mas sabia que tinha acontecido algo com o meu corpo. Na época, a minha filha viajou comigo e ela só tinha 14 anos, sem saber o que estava acontecendo também, ajudou a cuidar de mim. Todos os dias a UTI Vida vinha verificar o meu estado, pois o presidente do meu plano junto com o presidente da UTI Vida se juntaram para me tirar de lá. E foi o que aconteceu no dia 30 de maio de 2012. A minha ida até o aeroporto foi dentro de uma ambulância. Chegando vieram com uma cadeira de rodas, pois eu não conseguia andar. No avião as minha dores só aumentavam. Assim que cheguei no Rio de Janeiro já tinha uma ambulância me aguardando no aeroporto e fui direto para o hospital Rio’s Dor e me encaminharam direto para o CTI. Foi realizado diversos exames e no final não era só a minha coluna, mas também o meu joelho direito e o meu pé. A minha pressão arterial não se estabilizava, o nervoso, preocupação eram maiores. Como a minha cirurgia era cara a maioria dos médicos quiseram me operar e eu mesmo com dor neguei. Depois de 2 dias finalmente fui para a minha casa. Ela tinha dois andares e eu não conseguia subir as escadas, então descemos para a sala a cama de solteiro da minha filha. O terror só estava começando. Não tínhamos dinheiro para pagar uma enfermeira ou alguém para cuidar de mim. A minha filha teve que fazer este papel e anoite quando o meu marido chegava do trabalho me ajudava a tomar banho. E assim ficou sendo a minha vida. Depois de 1 ano, pesquisando diversos especialistas, tratamentos e lutando contra as dores incontroláveis decidi operar. No dia 28 de março de 2013 passei mal e fui levada ao hospital, ligaram para o meu médico e resolveram me deixar internada e caso não melhorasse, iria operar. E foi o que aconteceu. A minha pressão arterial não normalizava junto as dores e acabei operando na semana seguinte. Nossa... Não consigo descrever o que senti conforme fui acordando. A minha pressão finalmente estava estabilizada, as dores não senti por conta da medicação. Sabia que não tinha como voltar atrás, sabia que teria que me adaptar a minha nova vida. Eu estava com 6 parafusos e 2 placas na coluna simplesmente porque cai. Eu tinha que seguir em frente e viver a minha vida. Quando voltei para casa foi uma nova adaptação, horários para os medicamentos, eu não podia comer nada muito pesado e muito menos ficar sem comer por muito tempo. Somente eu, meu marido e a minha filha vivendo essa nova fase. Mas, infelizmente algo estava dando errado. As dores começaram e mesmo seguindo os horários da medicação não passava. Aquilo foi me assustando, as doses aumentaram e no final fui apresentada a fibromialgia e a dor crônica veio logo depois. Vivi por muitos anos assim. Falta de sono, estresse, dor, preocupação, medo, dor, ansiedade, dor, inchaço, falta de apetite e dores e mais dores, passaram a ser meus companheiros. Sempre fui muito independente e não conseguia admitir que agora dependia das pessoas para fazer pequenas coisas, como colocar um sapato, me abaixar, virar o pescoço para olhar para o lado, olhar para cima até mesmo tomar banho, me alimentar, cuidar da minha casa, fazer as minhas coisas. Isso tudo foi me levando a loucura. Mas não perdi a esperança, pois na época que operei a lombar (artrodese) os médicos me alertaram dizendo: ‘’ Ou você vai para a cadeira de rodas ou permanecerá na sala de cirurgia’’. Nessa noite eu rezei tanto. Meu Deus... Como eu rezei. Pedi para Deus me mostrar o caminho, me abençoar, guiar, proteger e me ajudar nessa batalha. Eu tive medo, mas não perdi a fé. Tive um processo demorado, pois fui para a cadeira de rodas, depois andador, moletas, até conseguir ter equilíbrio e voltar a andar sozinha. Os médicos se impressionaram com a minha reação, não me deixei abater, coloquei na minha cabeça que iria conseguir e assim fiz. Para pagar o meu tratamento e medicação que é muito caro, gastamos o que podíamos e não podíamos, isso porque a Infraero não me deu assistência. Entrei com o processo no mesmo ano do meu acidente e eles se negaram a ajudar. O dinheiro foi acabando, o meu marido trabalhando para pagar as contas, eu sem poder ajudar, a minha filha indo para o colégio e voltava para ficar comigo. Comecei a enxergar que não podia continuar assim, por mais que eu sentisse fortes dores, dores que não passavam, mas tinha que dar um jeito no que estava acontecendo, a base da minha família estava abalada. A minha filha perdeu momentos importantes da sua vida para cuidar de mim. Os amigos criticavam e se distanciaram. De certa forma me sentia mal com tudo isso, pois entendia que era importante para a mesma viver a sua vida. Mas continuou ao meu lado lutando a cada dia. E isso fez com que ela amadurecesse ainda mais. Até mesmo as pessoas que eram próximas, familiares, amigos, não entendiam os motivos que estávamos vivendo daquele jeito. Fomos criticados, julgados por pessoas que não tinha a menor ideia do que estava acontecendo. Tem uma frase que depois de muito tempo aprendi e hoje levo para a minha vida: ‘’ Você nunca vai entender, se não sentir’’. No final de 2016, eu já estava sem paciência, a minha medicação já havia sido trocada várias vezes e as malditas dores não me deixavam em paz. Eu chorei por longas noites. Passei a querer fazer as minhas coisas para não me matar. Sim, suicídio passava pela a minha cabeça e não era uma vez só não, eram várias. Eu só queria viver. Sério? Era pedir muito?! Claro que depois que eu tentava fazer coisas normais, como uma pessoa normal, o meu corpo gritava. E eu chorava, me revoltava, queria ficar sozinha. Isso tudo porque eu só queria fazer o que uma pessoa normal da minha idade fazia e era criticada. Ta aí. Como fui criticada. Acho que críticas é o que se resumiu a minha vida. Muitas vezes pensava ‘’ Hoje quero fazer uma carninha assada com molho madera’’ e eu escutava: ‘’ Você não pode, tá louca?!’’, ou ‘’ Quer ficar sentindo dor?!’’, ou ‘’ Você gosta de sentir dor, né? Não é possível!’’. Eu só conseguia pensar como resposta: ‘’Não estou ficando louca, mas se eu não fizer isso irei ficar’’, ‘’ Ah, claro! Como se eu não fazendo isso a minha dor irá me dar uma folguinha’’ e ‘’ Ahhh, eu amo sentir dor!’’. Mas na verdade deixa pra lá. E ia deitar e refletir. Vamos lá, o mundo precisa entender que nós que sofremos de dor crônica e fibromialgia temos que fazer algo sim, seja o que for para não sermos levados a loucura. O que sentimos não é fácil e muito menos brincadeira. Mas, fazendo ou não iremos sentir dor, infelizmente é essa a nossa vida não podemos mudar, mas podemos adaptar. Seria maravilhoso se tivéssemos uma assistência do governo para nos tratar. Eu só quero me sentir viva. Não é porque eu quero fazer um almoço para a minha família, ou organizar a minha casa, ou fazer um curso que eu não preciso de tratamento. Eu preciso de respeito. Respeito pelos meus sonhos que não morreram, respeito pela a minha cabeça que ainda pensa, respeito pelo o meu corpo que luta a cada dia para não parar e respeito por mim que está viva e quer continuar vivendo. É muito triste, saber que se continuar em cima de uma cama, com depressão, com um quadro de suicídio é visto como uma pessoa que tem ‘’direitos a se tratar’’. Mas se você mesmo com toda dor batalha todo dia para não perder a esperança, não ficar sem um teto para morar com a sua família, pagar o seu tratamento (se o governo não ajuda, você tem que esperar a morte em casa, gritando de dor? Ou roubar um banco? Não.), alimentação, contas básicas de uma casa, é visto como uma pessoa que não precisa de ajuda para se tratar, se cuidar, se regenerar. As vezes me pego pensando e começo a achar que vivo em um tribunal, onde sou analisada, defendida, julgada e tendo que tomar cuidado com o meu testemunho para não se acusada e sim absorvida. O meu Neurocirurgião já havia conversado comigo uma hipótese de um novo tratamento que chegou ao Brasil, o Neuroestimulador Medular que me daria choques para o alívio das minhas dores enquanto os fios ficariam na minha medula, além disso eu controlaria a intensidade dos choques através de um controle e receberia um cartão de identificação, entrando mais uma restrição para a minha lista. Por exemplo: fazer ressonância magnética, passar na roleta do banco, o microondas não pode estar ligado, etc. Uma nova adaptação para a minha vida. Outra vez pensei, pensei e pensei. Eu estava correndo risco, poderia acontecer problemas mais graves, mas estava sem alternativas aquela poderia ser a minha chance de voltar a sentir vontade de viver. Meses antes tentamos um novo método, o bloqueio, para tentar melhorar as minhas dores e não funcionou. Mais uma vez me encontrei com medo das consequências. Orei, pedir direção a Deus, guiamento, que me ajudasse a pensar se seria o melhor para o meu corpo. E no dia 10 de outubro de 2017 realizaram a operação de implantar o Neuroestimulador Medular. Na época a minha irmã veio de Brasília para o aniversário da minha filha e ajudou a cuidar do meu pós-cirúrgico. Seguir tomando a medicação e sentindo aquele pequeno objeto estranho dando choques dentro do meu corpo. E não para por aí, me tornei um celular. Sim, celular. Só não faço ligação, mas sou carregada igual. A minha carga tem que está a 100% para o Neuroestimulador trabalhar bem, pois se chegar a 25% ou zerar as dores vem descontrolavelmente. O meu carregador é especial. Parecia que o mundo estava diferente, que eu havia acordado, ganhei força. Como se eu pudesse recuperar o tempo perdido. Agradeci tanto ao meu médico. Eu sentir por um momento o que é vencer uma batalha de anos, mas a minha vitória durou pouco. As dores crônicas ressurgiram mais intensas, a fibromialgia no frio tava pior. Eu não conseguia acreditar que tudo estava acontecendo novamente. Me vi por um momento tendo um surto, mas Deus não deixou que eu me fizesse mal. Chorei, passei a ficar com pequenos esquecimentos, lerdeza, insônia, depressão querendo me dominar... Eu não desejo isso a ninguém. Só queria não sentir essas dores, tive a esperança de viver uma vida que eu pudesse pelo menos ser humana. Hoje no ano de 2019 me encontro convivendo com essa patologia que a cada dia está mais difícil, principalmente quando me lembro que já fui ao hospital e ao chegar os médicos disseram para eu ir embora, pois a medicação que tomo, vai além da que eles têm. Isso sim é assustador, porque o meu plano de saúde está atrasado a meses, posso perdê-lo a qualquer momento. Estou endividada por ter gasto tudo o que não podia para me tratar, pois não tenho a ajuda do governo. Como irei as minhas consultas, onde a técnica ajusta o meu Neuroestimulador direcionando os choques?! O hospital público não tem suporte para o meu caso. Por isso, me juntei com uns amigos que a vida me presenteou e estamos fazendo uma Vaquinha Online para que eu não perca o meu plano e consiga fazer os exames. Decorrente a tudo isso, aos estresses de não conseguir fazer coisas simples de uma pessoa que estuda, coloca um sapato, penteia os cabelos, trabalha e tudo o que relatei neste texto, enfim. O meu aparelho começou a esquentar quando carrego e agora vive esquentando e isso me assusta, pois penso que ‘’será que tenho que trocar e passar por tudo novamente?’’, ‘’irei aguentar?’’, ‘’até aonde o meu corpo vai sustentar dores e choques 24 horas?’’. Por favor, me ajudem. Compartilhem o link da campanha, doem! Agradeço a todos pela a atenção e solidariedade, pois é uma das coisas que faz falta no mundo.