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Ana Paula Weber De expatriada para expatriados. Psicóloga e Psicanalista expatriada há 15 anos.

Há alguns dias, estava passando por uma livraria quando me deparei com esse livro maravilhoso da  . Sem apresentar uma ú...
13/09/2024

Há alguns dias, estava passando por uma livraria quando me deparei com esse livro maravilhoso da . Sem apresentar uma única palavra, as páginas ilustradas retratam migrantes, refugiados, deslocados, êxodo, meninos, meninas, órfãos e por fim um silêncio.

Ao chegar em casa, curiosa com tamanha sensibilidade da autora, perguntei para o meu filho mais velho, o que ele compreendia daquelas imagens. Em uma única frase resumiu: “Somos nós, mãe. Migrantes”.

Migrar é vivenciar a dor do luto na ida e na volta. Enquanto na ida deixamos todas as referências para trás, abrindo mão...
11/09/2024

Migrar é vivenciar a dor do luto na ida e na volta.

Enquanto na ida deixamos todas as referências para trás, abrindo mão do já conhecido para abrir espaço para o novo (idiomas, cultura, comidas), na volta também vivenciamos um luto, o luto de não encontrar mais as antigas referências que deixamos para trás.

É assustador não se identificar com aquilo que um dia foi tão conhecido. E nesta fase, é comum sentir-se confuso e culpado, pois criamos expectativas positivas e ânimo ao embarcar de volta rumo ao lugar de origem, às pessoas amadas, a tudo aquilo que um dia foi aconchego. Mas nos surpreendemos ao chegar nesse contexto e perceber que parte da intimidade foi perdida.

O retorno ao país de origem e a readaptação é um período que desafia nós expatriados e pode resultar na Síndrome do Retorno ou Regresso. A tentativa de ambientação ao antigo que se tornou novo pode vir acompanhada de dor, sensação de desajuste e de muito esforço desprendido para sentir-se bem neste destino no foi nosso lar.

Nesta fase é fundamental ter paciência, força e despertar um novo olhar para o regresso, mas que não deixa de ser uma nova expatriação. É preciso extrair a beleza de cada etapa, vivendo muito bem no país de origem, com gratidão pelo que viveu lá fora, cheia de experiências significativas.

Lembra que contei sobre o apartamento que morei e tinha uma família de urubus, logo que cheguei a Venezuela?Então, hoje ...
08/09/2024

Lembra que contei sobre o apartamento que morei e tinha uma família de urubus, logo que cheguei a Venezuela?

Então, hoje resolvi retornar à história, não dos urubus, mas à experiência de morar pela primeira vez em outro país. Isso porque, apesar de cada expatriação ter suas peculiaridades, ainda assim, algumas experiências tornam-se mais comuns para nós. No entanto, a minha primeira mudança teve um desafio único, algo que não se repetiu em nenhum outro lugar: a chegada solitária.

Vivenciei a primeira expatriação há 17 anos atrás, recém-casada e até então não tinha filhos, o que de alguma forma dificultava o acolhimento e novas conexões no novo país. Afinal, quando se é mãe, outras mães se solidarizam, se conhecem na escola dos filhos, encontram sempre algo em comum.

E assim, logo que cheguei a Caracas, além dos desafios da comunicação, dos urubus, enfim de lidar com uma nova rotina, somado a tudo isso, veio na bagagem a sensação de solidão, inerente a todos nós imigrantes. Senti falta de conexão, de referência, de alguma familiaridade ou alguém familiar.

Senti falta até mesmo de ouvir alguém falando português.

Por me sentir sozinha decidi estudar espanhol e também me aventurei a fazer um curso na área de educação na Universidade Metropolitana de Caracas. Nesta época, frequentava a lan house do hotel (essa geração não sabe o que é isso! 😊) para acessar a internet e conversar com amigos e familiares pelo messenger. Foi então, que certa vez ouvi alguém falando português, o que me trouxe uma sensação de estar em casa.

Não me contive e fui puxar conversa! Para minha surpresa, ela era portuguesa e nos tornamos amigas. Foi a partir daí que ampliei meu círculo de amizades, conheci mais expressões em espanhol e me aproximei mais da cultura venezuelana.

No último perrengue, compartilhei minha dificuldade e frustração em não compreender o idioma espanhol, logo que cheguei ...
04/09/2024

No último perrengue, compartilhei minha dificuldade e frustração em não compreender o idioma espanhol, logo que cheguei a Venezuela.

No atendimento a migrantes e expatriados, compreendemos que a perda da língua materna como meio de se comunicar corresponde a uma perda do laço com a cultura de origem e à ruptura com o marco conhecido pelo qual as pessoas circulavam e de que sentiam parte.

Essa transição acarreta um choque cultural, já que o estrangeiro se vê participando de outra cultura sem conhecer seus códigos implícitos, e para chegar a compreendê-los, seria necessário um processo intersubjetivo de apropriação.

Na hora da comunicação a possibilidade de se expressar na língua materna oferece uma membrana protetora imaginária como situação de ampara, ante a perda dos referentes sociais culturais que o identificam e o integram ao contexto social conhecido.

Em posts anteriores, já compartilhei que a expatriação para a Suíça foi delicada e muito desafiadora para mim. Nesta fas...
01/09/2024

Em posts anteriores, já compartilhei que a expatriação para a Suíça foi delicada e muito desafiadora para mim. Nesta fase tive o apoio de muitas “borboletas” e entre elas, estava a , que costumamos chamar carinhosamente de “bruxinha”, mas na verdade é uma “fada”.

Nesta época, os meus filhos estudavam nos mesmos filhos da Camila. Na Suíça, esquiar faz parte da grade curricular de educação física e meu filho não curtia muito praticar o esporte.

Foi neste período que nos conhecemos quando ela, com sua sensibilidade master, me contou que o Thomas não estava indo bem e tinha muita dificuldade. A partir de então, a Camila, como mãe voluntaria no ski, o acompanhava e o incentivava muito no esporte e deu tão certo que no final do ano, ele ganhou medalha na competição.

Esse é o só um exemplo de como a “borboleta” de hoje é encantadora. Mas o apelido de “bruxinha” vem da sua paixão por plantas e seu talento em sempre oferecer uma alternativa natural para qualquer sintoma que temos.

Basta dizer o que sente e surge a Camila no grupo com uma solução, seja um chá, um óleo essencial e muito acolhimento.

Arquiteta, paisagista e herborista, ela se reinventou na expatriação. Foi na Suíça que decidiu seguir seu propósito e foi em busca de conhecimento e especialização. Aprendeu diversas técnicas e a ancestral sabedoria das propriedades das plantas e se formou em Herborismo em 2017.

Hoje está de volta ao Brasil e, claro, o seu talento falou mais alto. Camila criou a marca de cosméticos naturais . Sua jornada até aqui é um exemplo de que as metamorfoses, essas que acontecem fora e dentro de nós, trazem oportunidades de realizarmos sonhos, que até então pareciam adormecidos.

Voa alto, Camila! 🦋

De volta à rotina escolar, um   de sol e calor das últimas férias no Brasil.Aqui em casa as crianças sempre pedem para r...
29/08/2024

De volta à rotina escolar, um de sol e calor das últimas férias no Brasil.

Aqui em casa as crianças sempre pedem para retornar ao Brasil, rever a família e curtir as praias, mesmo com opção de também visitar amigos e familiares em outros países.

Por conta da distância e nem sempre conciliar as datas para viajar, optamos por atender aos pedidos e manter essa conexão importante com nossa terra natal e também incentivar o contato com a cultura brasileira, a língua portuguesa e os costumes.
Como é por aí?

Estive ausente por aqui, mas há fases em que a rotina tumultua um pouco e precisamos nos virar nos 30 para segurar um pr...
27/08/2024

Estive ausente por aqui, mas há fases em que a rotina tumultua um pouco e precisamos nos virar nos 30 para segurar um prato aqui, outro lá com crianças de férias e o ritmo de trabalho acelerado. Enquanto isso, o Instagram acabou ficando um pouco de lado.

Mas as férias terminaram e estarei mais presente para compartilhar novos perrengues, dilemas de imigrantes e também algo que venho conversando muito com as pacientes e também amigas: a montanha russa e os desafios imprevisíveis que é ser mãe na expatriação.

Hoje o perrengue é sobre achar que vamos “tirar de letra”, mas por mais que você se prepare, a língua vai te trair! 💬Na ...
21/05/2024

Hoje o perrengue é sobre achar que vamos “tirar de letra”, mas por mais que você se prepare, a língua vai te trair! 💬

Na primeira expatriação, quando soube que iria me mudar para a Venezuela iniciei o curso de espanhol para me comunicar melhor no novo país. Foram alguns meses estudando a língua espanhola e treinando para conseguir “me virar” no destino.

Até então confesso que me sentia segura. Afinal, há de concordar que nós sempre acreditamos que o portunhol já basta.

A verdade é que quando cheguei em Caracas, a realidade foi outra e as aventuras, os desafios e os desentendimentos começaram logo cedo.

Lembro que nos restaurantes, cada pedido que chegava à mesa era uma surpresa: nunca sabia se o prato que pedia era realmente o prato que haviam compreendido. 🍝Levei um tempo para aprender que para pedir macarrão com molho de tomate era preciso dizer:
- por favor, una pasta com salsa.

Mas como se não bastasse, as diferenças não eram somente na língua espanhola. Conheci uma portuguesa que me fazia dar boas gargalhadas ao me ensinar que a nossa camiseta no Brasil, é camisola em Portugal, ou banheiro é casa de banho lá, e celular é telemóvel.

Hoje contamos com a tradução instantânea na internet, mas há 16 anos, só havia mesmo o dicionário impresso e mímicas, que de alguma forma sempre ajuda!

E você, teve algum perrengue com a língua nativa na sua expatriação?

Uma biografia delicada que aborda a arte de recomeçar. A autora Isabel Arruda compartilha crônicas sobre a sua jornada m...
16/05/2024

Uma biografia delicada que aborda a arte de recomeçar.

A autora Isabel Arruda compartilha crônicas sobre a sua jornada migratório, onde retrata como foi a experiência de fazer as malas e partir rumo ao desconhecido Canadá.
Ao longo das páginas, é impossível não se identificar com os relatos sobre coragem que causam um misto de choro, risos e muito amor.

Conheci a Carol no México, na minha primeira expatriação quando cheguei no país e ainda me sentia deslocada sem entender...
12/04/2024

Conheci a Carol no México, na minha primeira expatriação quando cheguei no país e ainda me sentia deslocada sem entender muito bem como seria a vida dali para frente.

Nossos maridos trabalhavam na mesma empresa e foi por incentivo deles que conversamos a primeira vez por telefone, em uma ligação que durou mais de 2horas entre confidências, acolhimento e muitas histórias.

A partir daí Carol tornou-se minha amiga e nós seguimos juntas além México, chegando na expatriação do Panamá e Suíça. Aliás, quando fui para a Suíça ela me incentivou e me deu muita força em uma das mudanças mais difíceis que já fiz nesta minha trajetória como expatriada.

Mas esse post não é sobre mim, é sobre ela. 🦋

A Carol tem no seu DNA uma coragem inata. Mas é uma coragem que transborda e inspira todos aos seu redor.

Ao longo dos seus 49 anos, ela morou em diversos lugares ao redor do mundo: vivenciou uma cultura diferente da nossa no Oriente Médio e também em países na América Ocidental, Oriental e Latina.

Mas a Carol não se intimidou e sempre com seu jeito “metamorfose” de ser encontrou em cada mudança uma possibilidade de fazer acontecer.

🇪🇸 Atualmente mora em Barcelona, na Espanha, e sua história ganhou as páginas do livro “”, que traz dicas e informações preciosas para quem deseja mudar de país com tranquilidade e felicidade.

Ela também é coach, consultora, mentora, criou um grupo de famílias globalizadas e recentemente se jogou na carreira de modelo.

Enfim, um ícone e uma referência de mulher que transforma a si mesmo e o mundo com a sua coragem, leveza e alegria.

Voa, Carol! O mundo precisa de muitas borboletas como você!✨

Para expatriadas ou não, a dica de hoje maratonar a polêmica série   , disponível na Amazon Prime Video. Baseada no roma...
06/04/2024

Para expatriadas ou não, a dica de hoje maratonar a polêmica série , disponível na Amazon Prime Video.

Baseada no romance The Expatriates, de Janice Y. K. Lee, a trama acompanha a vida de três mulheres expatriadas que convivem em Hong Kong.

No entanto, um evento traumático vai unir a vida do trio estrangeiro: Margaret (Kidman) é uma dona de casa rica e mãe de três filhos que anseia por uma vida independente; Hillary (Sarayu Blue) está em dúvidas sobre a continuidade de seu casamento; e Mercy (Ji-young Yoo) é uma universitária coreana-americana que anseia por um recomeço.

Durante a jornada das personagens acompanhamos como suas relações profissionais e pessoais estão entrelaçadas, além da perspectiva derradeira sobre o que significa existir e o que significa lidar com dores tão profundas e tão marcantes.

Pesquisa global realizada pelo Ipsos em 28 países, revelou que 50% dos brasileiros relatam sentir solidão, colocando o p...
03/04/2024

Pesquisa global realizada pelo Ipsos em 28 países, revelou que 50% dos brasileiros relatam sentir solidão, colocando o país no topo do ranking onde este sentimento é mais prevalente. Esta tendência reflete um fenômeno mundial, onde a média é de 33%.

🫠 Se morando no país natal a solidão é cada vez comum, no processo de imigração ela já é esperada. Isso porque a migração é uma viagem do conhecido para o desconhecido, onde há uma mudança no espaço pessoal, ancestral e cultural.

📌Uma das consequências desta nova realidade é a desintegração dos relacionamentos construídos ao longo da vida, que é dolorosa e gera um sentimento de tristeza quando interrompido. É por isso que neste processo de mudança de país, a solidão costuma ser tão comum, principalmente nos primeiros meses.

😔Mesmo quando a migração ocorre por expatriação, ainda fatores como a falta de apoio emocional, dificuldades com amizade, a ausência em festas e comemorações familiares; a falta de identidade cultural e as condições climáticas são algumas das razões para intensificar a sensação de sentir-se só.

Para driblar a solidão, é preciso investir no suporte social. Esta interação está diretamente relacionada ao aumento de velocidade e qualidade da adaptação, ajudando a desconectar o processo do estresse e doenças.

🦋É essencial “abrir as portas”, conhecer gente nova, ou seja, tentar criar uma nova rede de contatos e apoio.

Costumo dizer que sentir-se sozinho ou não está na escolha de cada pessoa. É preciso quebrar essa barreira e começar a recriar novos laços, novos olhares e novas formas de se reinventar que não são como antes, no país de origem. ✨Citando Freud, “é necessário se desapegar do que ficou para começar uma nova fase.”

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