21/05/2025
Tenho envelhecido, sim — e digo isso com serenidade. Não falo do corpo, das rugas ou dos cabelos que já não têm a mesma cor muito menos quantidade. Refiro-me à alma, que tem ganhado um novo ritmo. Estou mais calmo. Mais paciente. Passei a valorizar profundamente aquilo que não se pode comprar: a paz interior.
Hoje, fujo das rusgas — e não estou falando das RUGAS no rosto, mas das RUSGAS, discussões inúteis, dos conflitos passageiros. Se for para me estressar, que seja por algo realmente importante, e não por tudo aquilo que o tempo leva. As rugas no meu rosto? São mais de tanto sorrir do que de qualquer tristeza.
Aliás, até nos filmes sou seletivo. Não tenho interesse em histórias que me arranquem lágrimas — já chorei pouco mas o suficiente na vida real. Prefiro aquilo que me inspira, que me faz rir, que me lembra que vale a pena viver com leveza.
Escolhi sorrir até o último suspiro. Porque o mundo, mesmo quando parece sombrio, se torna mais suportável — até mais bonito — quando você o enfrenta com alegria. Ainda assim, já me perguntaram: “Está rindo por quê?” — mesmo quando meu sorriso era um gesto de acolhimento. Triste é quem desconfia até do que é sincero.
No meu trabalho como médico, isso tudo faz ainda mais sentido. Nunca tive pressa. Atender alguém é, para mim, mais do que um ato técnico — é um encontro humano. E o que eu ofereço ali, com todo o cuidado, é o que tenho de mais valioso: o meu tempo em primeiro lugar, pois são horas da minha VIDA.
Envelhecer bem não é apenas um privilégio. É uma escolha, feita todos os dias, entre o que pesa e o que liberta.