24/05/2025
Fístula Obstétrica: um desafio silencioso a combater.
Ontem, 23 de maio, foi celebrado o Dia Internacional para Acabar com a Fístula Obstétrica, uma data que chama a atenção para um grave problema de saúde pública que afecta milhares de mulheres, especialmente em países em desenvolvimento como Moçambique.
O lema deste ano, “Quebrando o Ciclo: Prevenindo a Fístula em Todo o Mundo”, reforça a necessidade de acções integradas. Com conscientização, políticas públicas eficazes e apoio comunitário, Moçambique pode avançar rumo à eliminação da fístula obstétrica até 2030, garantindo dignidade e saúde às mulheres e raparigas mais vulneráveis.
A fístula obstétrica é uma condição devastadora resultante de partos prolongados ou obstruídos, sem acesso a cuidados médicos adequados, que provoca uma ruptura entre o canal vaginal e a bexiga ou o reto, levando à incontinência urinária ou f***l.
Os desafios para prevenir e tratar a fístula obstétrica em Moçambique são numerosos. A pobreza, a desigualdade de gênero, a falta de infraestrutura de saúde e a distância das unidades sanitárias são factores críticos. Muitas mulheres, especialmente em áreas remotas, vivem a mais de 100 km de uma unidade sanitária com capacidade para realizar cesarianas ou oferecer cuidados obstétricos de emergência, o que aumenta o risco de complicações durante o parto.
Além disso, práticas culturais como casamentos prematuros e ritos de iniciação contribuem para a gravidez precoce, um dos principais factores de risco para a fístula.
A gravidez precoce, comum em Moçambique, onde cerca de 48% das raparigas casam antes dos 18 anos e 14% engravidam antes dos 15, está diretamente ligada à fístula obstétrica. Meninas adolescentes, cujos corpos ainda não estão totalmente desenvolvidos, enfrentam maior risco de partos obstruídos, que podem resultar em fístulas.
Essas jovens, frequentemente com baixa escolaridade e vivendo em condições de pobreza, também sofrem com a falta de acesso ao planeamento familiar e cuidados pré-natais, o que agrava o problema. Além das consequências físicas, a fístula causa estigma social, isolamento e perda de autoestima.