17/11/2021
Lesão Medular Traumática
" A lesão medular traumática, ou traumatismo raquimedular – TRM (coluna vertebral e medula espinhal), é uma lesão frequente que resulta em uma síndrome neurológica altamente incapacitante que compromete as principais funções motoras, autonômicas e reflexas levando a inabilidade permanente. A causa mais frequente é o traumatismo, mas também pode ser resultante de tumores, infecção, lesão vascular ou iatrogenicamente. A lesão medular afeta física e psicologicamente não apenas o indivíduo acometido, como também sua família e a sociedade.
O National Spinal Cord Injury Statistical Center (Nscisc, 2013) estima que 273.000 pessoas vivem com lesões medulares apenas nos Estados Unidos, aos quais se somam 12.000 novos casos/ano. Na mesma perspectiva, porém com dados epidemiológicos escassos, o Brasil apresentava em 2003, 250.000 lesados medulares com 9.000 novos casos/ano, de acordo com Meyer e colaboradores (2003). A prevalência mundial é de 236 a 1298/por milhão de habitantes e é mais frequente no s**o masculino, na faixa etária entre 30 e 40 anos de idade, no entanto, a proporção de mulheres afetadas por lesões medulares vem crescendo (Furlan et al., 2013). As lesões medulares traumáticas são resultantes, na sua maioria, de acidentes automobilísticos, quedas de alturas, seguido de eventos violentos e traumatismos esportivos, desse modo, 55-65% dos casos de lesões medulares ocorrem no nível cervical (C1 a C7-T1), resultando em uma mortalidade de 10-15% após o primeiro ano da lesão. Por outro lado, a região torácica (T1-T11), torácica-lombar (T11-T12 até L1-L2) e lombosacral (L2-S5) são responsáveis por 15% das lesões medulares (Sekhon e Fehlings, 2001; Nscisc, 2013).
Ademais, o custo anual para os cuidados de um lesado medular são muito elevados. De acordo com a NSCISC (2013), a média de custo no primeiro ano de vida de um tetraplégico (C1-C4) é de 1.044,197 milhões de dólares americanos e de um paraplégico é de 508.904 dólares, além disso cada ano subsequente à lesão medular tem um custo de 181.328 e 67,415 dólares, respectivamente. Assim, a lesão medular é considerada um problema de saúde pública.
A localização anatômica mais comum de lesão medular, na região cervical, está associada também ao maior índice de complicações, seqüelas e mortalidade em relação aos demais segmentos cervicais (Nscisc, 2013). Assim, tetraplegia incompleta representa 40,6% dos casos nos EUA, seguida por paraplegia incompleta (18,7%), paraplegia completa (18%) e tetraplegia completa (11,6%), sendo que menos de 1% dos pacientes tem recuperaçãoo neurológica completa até o momento de alta hospitalar (Nscisc, 2013).
Dependendo do segmento medular afetado pelo traumatismo e a severidade da lesão, há uma variedade de aspectos que precisam ser compreendidos. Por exemplo, em pacientes paraplégicos (perda total ou parcial dos movimentos das pernas), a falta de coordenação motora das pernas é uma prioridade menos importante a ser considerada que as disfunções autonômicas gastrintestinais, da bexiga urinária (atonia e/ou hiperatividade da bexiga), funções se***is e disreflexias cardiovasculares, uma vez que estas levam a óbito a maioria dos pacientes. Para pacientes tetraplégicos (perda total ou parcial dos movimentos das pernas e braços), as habilidades de manipulação dos braços e mãos são as mais importantes a considerar, bem como a possibilidade de ventilação pulmonar natural, sem uso de ventiladores mecânicos. Além disso, dores e espasticidade muscular são aspectos relevantes em praticamente todos os pacientes com trauma raquimedular.
Apesar dos cuidados médicos e de reabilitação, muitos lesados medulares apresentam déficits neurológicos e motores permanentes, assim, o estudo acerca dos acontecimentos oriundos do trauma medular é relevante para a melhora, não apenas do aspecto locomotor dos lesados, mas também das comorbidades que afetam essas pessoas – como, por exemplo, a dor.
NeuroPerformance
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