20/06/2025
Sobre arrogância e empatia no ensino superior.
Hoje escrevo não só como pai, mas como cidadão atento ao que se passa dentro das universidades portuguesas. Hoje ouvi na rádio algo que, infelizmente, não me surpreendeu: uma percentagem alarmante de estudantes universitários está em risco de burnout. E parte desse peso não vem apenas da carga académica — vem também de quem deveria ser guia, apoio e inspiração: os professores.
Não é novidade que muitos professores universitários (felizmente nem todos) ainda se agarram a uma postura de autoridade fria, distante, muitas vezes humilhante. Usam a sua cátedra como um trono, esquecendo que, sem alunos, não há universidade que se sustente.
E eu pergunto: de que serve esse tom de superioridade? Que bem faz à ciência, à aprendizagem, ao crescimento de quem está ali, muitas vezes longe de casa, a tentar sobreviver a pressões académicas, financeiras e emocionais?
Vejo isso nas minhas filhas e em muitos pacientes, que me contam episódios de desrespeito e falta de empatia. E isso revolta-me! Porque educar não é humilhar. Formar não é esmagar. Ensinar não é ferir a auto-estima de quem quer aprender.
A arrogância não forma bons profissionais — forma adultos inseguros, exaustos e desmotivados. É um desperdício de talento, de energia, de saúde mental.
Este texto é um apelo a quem ocupa a cadeira do lado de lá da secretária: que tal descerem do pedestal? Lembrem-se de quando foram estudantes, de quando também tinham medo de falhar, de quando precisaram de um professor que acreditasse em vocês.
Se não conseguem ensinar com empatia, então não estão a ensinar — estão apenas a alimentar o vosso ego. E isso, meus senhores, é uma vergonha.
Um insulto a quem se mata a estudar, a quem abdica de tanto para ter um diploma.
Um crime moral contra os sonhos de quem, ainda assim, continua a sentar-se nessa sala, todos os dias, de cabeça erguida, mesmo quando vocês tentam esmagá-la.