28/01/2024
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8 COISAS QUE GOSTAVA QUE TODOS SOUBESSEM SOBRE O QUE É EDUCAR UMA CRIANÇA COM PHDA
No minuto que entramos pela porta do restaurante, eu e o meu filho de 6 anos, eu soube que íamos ter um problema! A sala estava cheia e muito barulhenta. Não era um ambiente amigável para crianças – não para crianças com PHDA!
Sentamos numa mesa e em minutos ele já «lutava» para se manter na cadeira, agarrou o saleiro e pimenteiro e começou a brincar com eles, fingindo que eram carros de corrida…eu tentei tirá-los, dizendo-lhe calma mas firmemente que não eram brinquedos e que ele os devia pousar!
Mas no segundo em que me virei para consultar o menu, ouvi uma voz irritada na mesa ao lado. Era uma outra mãe, atirando que o meu filho estava a salpicar o braço da filha dela com sal. Imediatamente me senti com vergonha e sob ataque! Senti-me tensa e virei-me para o meu filho gritando «o que estás a fazer? Disse-te para pousares isso»
Enquanto a dita mãe e outros olhares se mantinham em mim, senti a sensação familiar de «culpa» e medo! Já senti isto antes e sei que vou sentir muitas mais vezes…e de todas as vezes que sinto, dói!
Acabei por conseguir acalmar-me ao pensar «a maior parte dos outros, julga-me, porque não sabem…»
Por isso eis o que eu gostaria que soubessem e compreendessem sobre mim, o meu filho e a PHDA:
1. Ele não tem culpa do seu comportamento – o cérebro do meu filho não funciona do mesmo modo que os dos outros miúdos, é uma questão neurológica! Acreditem, se ele pudesse controlar melhor a sua impulsividade, hiperatividade, desatenção ou instabilidade emocional, ele assim o faria! Não é nada «divertido» lutar com essas dificuldades!
2. Eu não tenho culpa do seu comportamento! Posso não fazer sempre as coisas mais corretas como mãe, mas a minha forma de educar, não lhe provoca estes desafios. Sim, eu disciplino-o! E quando ele erra, eu mostro-lhe as consequências…mas o que funciona para os outros miúdos, não funciona com o meu filho! Ou pelo menos, não da mesma maneira! E sim, culpo-me frequentemente, embora não saiba ao certo do que me culpar!
3. PHDA é complexo! Não é apenas ser «hiperativo» ou não ouvir o que lhes dizemos…o que vocês conseguem ver não é nem metade do «problema». Ele luta com coisas que vocês nem imaginam, com coisas que para os outros são dados adquiridos! Como organizar o pensamento, as emoções, lidar com a gestão do tempo, das tarefas, dificuldades sensoriais…
4. Ele não está a ser «mau» ou desafiante – ele pode até sê-lo de tempos a tempos, tal como qualquer outra criança! Mas o comportamento que vocês vêm como «desafiante» ou desrespeitoso para com os outros (ou para comigo) não é de facto isso! E ele sofre por não conseguir corresponder ao que esperam dele!
5. Os dois tentamos o mais que podemos – fazemos horários e cheklist’s para nos organizarmos; fazemos ensaios sobre o que pode acontecer em cada sítio onde vamos e como reagir. Ele trabalha arduamente para conseguir acompanhar o ritmo escolar, mesmo que isso signifique lutar todos os dias com problemas vários. Ele luta em casa para se manter nos «eixos» e eu luto com ele para que saiba que estou lá…é desgastante!
6. Colocar o meu filho com medicação não foi uma decisão fácil! Ele engasgava-se quando tentava tomar o comprimido, chorava porque queria sentir mais apetite para comer o seu lanche favorito. E eu chorava também! Porque esta decisão não é fácil…mas a medicação realmente mudou a nossa vida! Não é opção para todos mas foi a opção da nossa família! E deve ser respeitada
7. Sentirmo-nos julgados não ajuda! Isola-nos quando o que mais precisamos é de apoio!
8. Ele é muito mais do que sua PHDA! Se as pessoas vissem para lá da PHDA, podiam ver que tem muitas qualidades! Ele é divertido e inteligente – é resiliente, quando «cai» levanta-se e tenta novamente! É uma criança que adora agradar os outros! Isso é algo que poucos têm….
(testemunho pessoal)