29/07/2025
“Modesty” (escultura de Antonio Corradini de 1752)
Nessa escultura, observamos um corpo velado. O mármore delicadamente talhado nos faz sentir que existe algo a ser revelado, mas apenas aos poucos, com cuidado. É assim que a intimidade humana poderia ser preservada – especialmente nas relações entre pais e filhos.
Hoje, na era da hiperexposição digital, o véu que protege o mistério da subjetividade é arrancado. Pais muitas vezes sentem a pressão de saber tudo o que se passa na vida dos filhos – cada mensagem, cada emoção – e o próprio ambiente digital convida à invasão: informações circulam sem limites, e a intimidade se torna frágil.
Mas relações profundas não nascem de um acesso bruto a dados. Assim como o véu da Modéstia, elas exigem tempo, paciência e delicadeza para revelar o que é interno e único. Quando tentamos controlar ou conhecer tudo de imediato, rompemos a possibilidade de encontro genuíno.
A inteligência artificial, com suas respostas padronizadas e massivas, nos lembra desse risco: saber muito, mas compreender pouco. Ter dados, mas perder o mistério que faz a relação viva e singular.
Na parentalidade, preservar o véu significa permitir que o filho tenha zonas próprias, espaços não ditos, segredos que podem ser confiados quando houver confiança. É nessa base de confiança que o vínculo se fortalece, não na pressa de arrancar camadas, mas na arte paciente de esculpir, junto, a intimidade.
🟣 E você, tem conseguido preservar o “véu” da intimidade na relação com seus filhos ou sente que a pressa e a tecnologia têm rompido esses limites? Quais são os limites razoáveis para conhecer a intimidade dos nossos filhos, sem invadi-la e comprometer o vínculo? Me conta nos comentários ou me manda um direct sobre a sua experiência em casa.