03/05/2025
Mudar de país nunca foi uma decisão impulsiva. Foram dois anos de reflexão, de conversas internas e externas, de planejamento e de coragem sendo cultivada em silêncio. Até que, um dia, ela foi maior que o medo — e eu escolhi Lisboa.
Foi uma escolha pessoal, construída com cuidado, mas que exigiu deixar para trás uma vida inteira no Brasil: família, amigos, casa, emprego… tudo o que me era familiar. Cheguei com 38 anos, a mala cheia de esperanças e o coração aberto para o novo.
Recomecei do zero. Morando em um quarto, voltando à faculdade, tendo que reconstruir vínculos, criar novas amizades, adaptar-me a outra cultura — mesmo falando a mesma língua, havia tanto a reaprender.
Trabalhei em algo que não me satisfazia, mas era o primeiro passo. E às vezes o primeiro passo não é agradável, mas é necessário. A cada dia, a cada desafio vencido, fui construindo um novo caminho, com resiliência, persistência, e uma fé tranquila de que tudo valeria a pena.
Sete anos se passaram. Hoje, olho para trás com orgulho e gratidão. Tenho uma nova vida: um casamento, uma filha, uma casa que é lar em cada detalhe. Há cinco anos, atuo com alegria e propósito na psicologia clínica — minha profissão, minha paixão. Tudo isso se soma à minha casa-abrigo no Brasil em forma de família, amigos, lugares, sabores e cheiros.
Descobri que nunca é tarde para recomeçar, para realizar um sonho, para transformar a própria história. E que, com positividade, parcerias verdadeiras e determinação, a vida pode florescer de novo — mesmo quando tudo parece ter ficado para trás.
Lisboa me acolheu. E hoje, mais do que um destino, ela é parte de quem eu sou.
Gratidão 🙏