30/11/2023
Somos a geração que foi deixada a chorar "para abrir os pulmões", que ficou de castigo porque ousou contrariar uma ordem dada por um adulto... que levou "uma palmadinha na altura certa" e que "não morreu por isso"... que foi mandada calar, porque as crianças "não têm quereres", que só saía da mesa com o prato vazio, porque havia "criancinhas no Biafra a passar fome" e a quem eram dados doces quando nos portávamos bem! Ah! E, como éramos tão bem educados, também tínhamos que dar o belo do beijinho àquela visita que nem conhecíamos, mas que nos lambuzava de volta!
Podíamos agora aprofundar qual o impacto que cada uma destas acções tão "normais" [e tão desrespeitosas] teve em cada um de nós... Na nossa auto-estima, na nossa relação com o corpo, com o s**o, com a comida... Na forma como procuramos validação externa através da aprovação do outro, na forma como somos e nos projectamos na vida... mas vamos deixar essa reflexão para cada um de nós fazer no seu devido tempo.
O que vos queremos trazer hoje é uma reflexão, que na verdade derivará da anterior:
O facto de hoje sermos nós os pais e mães que têm a braços a [árdua e ao mesmo tempo tão prazerosa ❤️ ] tarefa de criar, de "educar" as nossas crias, oscilando entre aquilo que o nosso coração nos dita ser o caminho e a vozinha, que se pensarmos bem, tantas vezes nem é a nossa [!] e que nos incita a perpetuar esses velhos padrões da nossa educação.
Ao ouvirmos o nosso coração e optarmos por uma parentalidade mais respeitosa e consciente estamos longe de ser pais "passivos" ou que deixam crescer os filhos "à balda e sem limites" como poderão sugerir alguns amigos ou membros da família 😉.
Talvez seja já mais do que tempo de desafiar o status quo da disciplina tradicional que nos foi imposta e parar de tentar "domar" os nossos filhos. Talvez seja hora de percebermos que obediência é muito diferente de cooperação e questionar qual delas nos parece mais interessante para um pequeno ser humano em crescimento e para a relação que ele criará consigo próprio, com o mundo e, na verdade, para a relação que estamos a construir com ele.
Talvez devamos tentar outra coisa...a CONEXÃO em vez da correcção 😅!
Citando Pam Leo “Ou gastamos tempo a satisfazer as necessidades emocionais das crianças, enchendo o seu copo de amor ou passaremos tempo lidando com os comportamentos causados pelas suas necessidades emocionais não atendidas. De qualquer maneira nós gastamos o tempo.”
É difícil ser criança nesta sociedade tão "adultocentrica", neste mundo maluco onde estamos tão focados nas regras, nas obrigações e no trabalho, coisas "chatas" e que ainda não fazem nenhum sentido para os mais pequeninos! Não é fácil ser criança. E nós, como já fomos "domados" parece que tendemos a esquecer-nos disso 😲!
Então, cada vez que um filho nosso apresente um comportamento supostamente mais extremado ou "desafiador", em vez de nos focarmos nesse comportamento, tentemos perceber [sem julgamentos] o que poderá estar por detrás dele e que necessidade emocional poderá não estar a ser atendida?
No meio de uma "birra" a última coisa que uma criança precisa é que a mandemos "acalmar" quando talvez ela ainda nem saiba como o fazer sozinha... ou que nos juntemos a ela, fazendo uma "birra de adultos", gritando e/ ou ameaçando-a! Nem que seja porque será esse o comportamento que ela irá aprender como sendo a resposta "certa": o descontrole.
Então, antes de fazermos uma criança sentir-se mal por não se conseguir auto-regular - sendo que tantas vezes nós ADULTOS também não o conseguimos 🙄, talvez pudéssemos dar-lhe ferramentas para que o faça... JUNT@S procurando soluções ou alternativas para o que se está a passar, dando SEMPRE oportunidade à criança de expressar as suas emoções e sentimentos.
Através do olho no olho, do abraço, do diálogo verdadeiramente construtivo e é claro, da brincadeira, que proporciona tantas e tão úteis aprendizagens, vamos construindo uma co-regulação e apoiando o crescimento de futuros adultos que se querem emocionalmente inteligentes e seguros!
💛
Se é fácil?
Claro que não! Mas é imensamente mais recompensador 😍
🥰
rumo a uma parentalidade mais respeitosa, consciente, amorosa e suave para miúd@s e graúd@s!
texto The HAPPYnest
📸 Foxy Photography