17/10/2024
Bastava o sol lá fora para tornar os dias felizes, e se por acaso não houvesse sol, o banho na chuva servia para purificar, e não impedia que os dias fossem felizes também.
Bastava uma caneta e um papel para a vida tornar-se poesia, rascunhos virarem canções, até vídeo game de papel existia.
Eram as singelezas que comandavam os passos, era na falta de recursos que a criatividade explodia. Era tanta. Eram tantas engenhocas. Eram tantos joelhos ralados.
Chorar? Só se fosse porque ainda não queria parar de brincar. Ou quando o programa favorito na TV acabava com um beijo na tela.
Bons tempos, quanta boniteza! A intensidade não era igual hoje. A intensidade era poética, era pura, era real.
O que teria pro almoço, pouco importava. Contanto que tivesse calor e cheirinho de comida fresquinha.
As vestimentas importavam ainda menos, contanto que fossem confortáveis e não impedissem nenhum movimento que fosse dançar no terraço, subir nas árvores do quintal, ou simplesmente, sentar no chão e rolar o dia brincando de boneca de papel.
As companhias eram as melhores. Todas amigas eram melhores amigas!
O chão era o apoio e o céu era o limite.
A contagem dos dias se fazia entre o clarear e o escurecer.
Lia-se por prazer, estudar, era bom também. No entanto, ouvir a sirene indicando a hora do lanche, ah! Não tinha igual. Na hora da saída então, nem se fala! Restava correr para dar tempo de ver o cachorrinho bater o sino e dizer: tá na mesa pessoal!!!!!!!
Sinto o som, o cheiro, a cor, as texturas. Eita que delícia de lembranças!
As partes tristes, até existiam, porém cortei.
Não caberiam, ou pelo menos não deveriam caber na poesia que é a vida de uma criança.
- Amanda R S Adriana Araujo
Foto web