21/11/2023
(Abraham, 1919, citado em Zimerman, 2007, p. 285)
Há um ano e meio, no meu início na clínica, alguns analisandos perguntavam a minha idade e se eu era recém-formado. Respondia-os sem hesitar. Obviamente com o tempo clinicando, obtive mais experiência. Entretanto, esta frase que destaquei durante a minha leitura me fez pensar na minha prática clínica.
Geralmente os meus primeiros analisandos que me faziam essas duas perguntas também eram jovens, eram da mesma faixa etária que eu. Assim como já atendi analisandos mais jovens, ou analisandos mais velhos que nunca me fizeram essa pergunta e haviam analisandos também mais velhos que possuíam uma constituição do Eu mais primitiva (idade mental mais infantilizada).
Apesar de primeiro momento aparentar a dúvida dos analisandos jovens quanto a minha experiência, eu interpretava como uma identificação deles com o analista, eu, por nos sermos da mesma geração. Mesmo que seja positiva a transferência, notei que isto é indiferente, o mais importante é o vínculo, ou o “holding”, como diria Winnicott. O analista está ali: pode ser um homem por volta dos 40 anos acolhendo um analisando na faixa dos 20 anos ou vice-versa. Não importa. O analista será, sem o analisando sem perceber, um ser quase invisível, ele será “todo os ouvidos”. O analista exercerá, apesar das transferências, um espelho do insconsciente do analisando.