
18/04/2025
SEXTA-FEIRA SANTA: ROMPENDO O ENCANTAMENTO DO SOFRIMENTO
Despertar para viver ❤️❤️🙏
Sexta-feira Santa. Um dia que, ao longo dos séculos, foi envolto por um véu espesso de dor, culpa e adoração do sofrimento. Um dia em que muitos olham para uma cruz com lágrimas nos olhos — mas poucos com lucidez no coração.
Jesus não veio ao mundo para que fôssemos salvos por sua morte. Ele veio para que despertássemos por sua vida. E se não entendermos isso, seguimos reforçando a velha ilusão: a de um Deus que exigiria sangue para perdoar, que precisaria sacrificar seu “único filho” como moeda de troca para apagar pecados de uma humanidade condenada.
Essa crença não é amor. É medo travestido de doutrina.
O Mestre não morreu por nossos pecados. Ele transcendeu a ilusão do corpo, do tempo e da morte para nos mostrar que somos espírito. Que somos vida eterna. Ele nos ensinou o caminho da unidade com o Pai, e o viveu até o fim — mesmo diante da violência, mesmo diante da incompreensão. Mas o fim, como Ele mesmo mostrou, nunca foi o fim.
O problema não é lembrarmos da crucificação. O problema é pararmos ali.
Enquanto adorarmos a dor, manteremos viva a forma-pensamento de um Cristo preso à cruz — e não do Cristo ressuscitado em nós. Alimentamos um arquétipo de sacrifício que nos mantém espiritualmente infantilizados: esperando que alguém nos salve, que alguém nos absolva, que alguém sofra em nosso lugar. Essa é a distorção mais cruel.
Jesus não é um mártir a ser venerado por sua morte. Ele é o espelho da consciência que venceu o mundo — e que nos chama a fazer o mesmo. Cada ensinamento seu é um convite à libertação, não à idolatria. À responsabilidade, não à culpa. À presença, não ao lamento.
Neste dia, podemos escolher: ou continuamos olhando para uma cruz e dizendo “coitado” — ou olhamos para dentro e dizemos “é possível”. É possível amar sem condição. É possível perdoar de verdade. É possível viver além do medo. É possível ser livre da ilusão.
Jesus já cumpriu a parte dele. Agora, é a nossa vez.
Que seja, sim, um dia de silêncio, de introspecção e respeito — mas respeito pela vida, pelo amor incondicional e pelo exemplo de lucidez que devemos seguir. Não pela dor causada pela inconsciência humana, nem pela ideia distorcida de um sacrifício necessário. Não por uma culpa terceirizada, mas por uma coragem assumida: a de viver com verdade, compaixão e presença, como ele viveu.
E se ainda restar dúvida, faça a si mesmo esta pergunta com sinceridade:
Você acredita que Jesus se alegra em te ver sofrendo, ano após ano, por esse momento na cruz?
Ou será que ele se alegra em te ver sorrindo, caminhando, amando, servindo, perdoando…
Vivendo o que ele ensinou — não um dia por ano, mas todos os dias da vida?
Fernanda Melo❤️🙏